Intelectuais de esquerda não costumam gostar de novelas. Dizem
que os personagens são caricatos, que as histórias, rasas e simplórias,
reproduzem estereótipos e preconceitos. Por isso é uma surpresa perceber que
autores de novela e cientistas sociais da USP traçam o mesmo retrato dos
ricos brasileiros.
Já jornalistas alinhados ao governo esquerdista do PT, tentam a todo custo, qualificar os
panelaços contra o PT como “manifestação de ódio da elite golpista”. Os
marceneiros e faxineiras que vaiaram Dilma em São Paulo na terça-feira provaram
que a insatisfação vai muito além das varandas gourmet. Mas se fosse verdade,
se apenas os brasileiros mais ricos estivessem contra o governo, seria o
suficiente para afirmarmos que a elite brasileira é cheia de “ódio de classe”?
No último sábado, André Singer um esquerdista caviar de primeira linhagem, professor de Ciência Política da
USP e detalhe porta-voz do governo Lula, escreveu que Dilma “foi derrotada pela
reunificação da burguesia em torno do rentismo, que é avesso de qualquer coisa
que cheire a igualdade”. Em março, também na Folha, disse pior:
A classe média tradicional mostrou
que tem horror à ascensão social dos pobres. É um fenômeno sociológico e
político. Chega a ser uma rejeição ao próprio povo brasileiro.
Singer
não é o único a enxergar os ricos contrários ao governo como seguidores de
Satã. Para Bresser-Pereira, ex-ministro do governo Sarney ( outro mané cheio de penduricalhos acadêmicos), há no Brasil um
“ódio de classe alta”que “decorre do fato de que
o governo revelou uma preferência forte e clara pelos trabalhadores e pelos
pobres”. não falei que é mais um mané.
Certamente há ricos odientos e odiosos por aí; mas em vez de evidências
anedóticas é melhor confiar em pesquisas. E o que as pesquisas dizem sobre os
brasileiros mais ricos e estudados é o contrário: são a parcela mais tolerante
e ética da população brasileira.
A grande fonte desse assunto é o livro A Cabeça do
Brasileiro, do sociólogo
Alberto Carlos Almeida, de 2007. Almeida entrevistou 2 363 brasileiros e
concluiu que, quanto maior a escolaridade (e a renda, já que os dois fatores são
bem relacionados no Brasil), maior a tolerância entre classes e o respeito aos
direitos humanos. entenderam burgueses do capital alheio?
Agora vejam as qualidades éticas dos pobres brasileiros
Quando perguntados, por exemplo, se um funcionário público deveria usar
o cargo em benefício próprio, 60% dos analfabetos concordaram com a idéia, 31%
entre os que têm até a quarta série e apenas 3% das pessoas com ensino
superior.
Um político que rouba pouco, mas faz muito ( Maluf rouba mas faz lembra-se disso), teria o voto de 53% dos
analfabetos, 46% dos que têm até a oitava série e 25% dos que terminaram a
universidade.
E o ódio entre classes? Pessoas com curso superior são mais abertas ao
convívio entre classes que os menos escolarizados. Para 76% dos analfabetos,
porteiros e empregados devem usar o elevador de serviço ( porque se acham inferiores), mesmo que os moradores
autorizem o uso do elevador social. Entre quem tem diploma, 72% acreditam no
contrário.
O respeito aos direitos humanos também é uma bandeira mais comum na
elite. Não são os com ensino superior que pedem a morte de bandidos pela
polícia – apenas 17% concordam com a idéia. São os analfabetos: 40% destes apóiam
a execução após a prisão.
A tortura como método de investigação recebe apoio de 51% dos
analfabetos e só de 14% dos brasileiros com diploma universitário.
Isso significa que todos os ricos do Brasil são do bem? Não: continua
errado qualificar a personalidade das pessoas a partir do dinheiro que elas
possuem. Mas as pesquisas contradizem os pertencentes a esquerda caviar (
leia-se PT e aliados), com fins partidários, fomentam o conflito entre classes.
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