quinta-feira, 30 de junho de 2016

O Judiciário dos EUA, como são selecionados seus quadros.quanta diferença.

Como é a seleção de juízes nos EUA

aa8
Você também acredita que deus é brasileiro? Está rezando pra ele mandar os “paus-mandantes” do “petrolão” pra cadeia por 100 anos como eles merecem, apesar dessa decisão estar exclusivamente nas mãos do STF do PT e sob a batuta do ministro Teori Zavaski?
Pois os americanos, que têm muito mais motivos que nós para achar que deus é ianque, não se acomodam com a expectativa de “milagres“.
Desde 1934, começando pela Califórnia que é por onde tudo sempre começa por lá, todo e qualquer juiz de direito até a instância estadual é submetido periodicamente a um “voto de retenção” por parte de sua majestade o zé povinho, que é quem realmente manda nas coisas naquele país cuja mera existência, não por acaso, tanto incomoda os excelsos e intocáveis “donos do poder” do segundo mundo para baixo.
Esse “voto de retenção”, que em 1937 passa a ser endossado pela American Bar Association, a OAB de lá, e é adotado quase no país inteiro, é uma das alternativas que existem para variações nos sistemas de nomeação e desnomeação de juízes que existem por lá e incluem até a eleição direta de juízes em vários estados e municípios do país.
aa00
Trata-se de um referendo periódico que ocorre junto com as eleições para cargos majoritários, onde aparecem nas cédulas os nomes dos juízes ligados àquela circunscrição eleitoral, com a pergunta: “Ele continua no cargo: sim ou não”?

Não é só com juízes. Eles elegem e deselegem diretamente e a qualquer momento 9 de cada 10 dos seus funcionários públicos.
Quando a onda chegou aos juízes, lá na Califórnia, eles eram escolhidos pelo governador e ponto final. Hoje há estados onde isso continua assim, só que agora podendo ser destituidos diretamente pelo povo, e estados onde eles são eleitos juízes diretamente pelo povo.
Em 1940, o estado de Missouri, em meio a escândalos envolvendo juíze e políticos, acrescentou à fórmula californiana o que ficou conhecido como oMissouri Plan pelo qual o governador não escolhia mais livremente os seus juizes. Constituia-se uma comissão paritária composta de membros do judiciário e cidadãos comuns (normalmente 3 a 3), encarregada de receber e filtrar os nomes dos candidatos a juíz e enviar apenas alguns para que o governador escolhesse entre eles. Mas mesmo estes teriam, a partir da nomeação, de passar por “uma avaliação periódica de mérito” a cargo do eleitorado, por meio do “voto de retenção”.
aa5
A partir dai a essência dos sistemas de entrada e de saída estava definida. Hoje reproduz-se país afora, com variações. Eis alguns fatos e números:
  • Em 38 estados os juízes das cortes estaduais supremas estão sujeitos a algum tipo de eleição.
  • Em 7 destes, os juízes são eleitos nas chapas dos partidos e, a partir daí, passam por “votos de retenção” periódicos, sem concorrer com ninguém. É só o “fica” ou “sai”.
  • Em outros 14 os juízes são eleitos de forma independente, sem revelar sua preferência partidária, embora os partidos possam ou não endossá-los.
  • Dezessete estados adotam só o “voto de retenção” periódico para juízes previamente nomeados. Alguns destes usam a variante de nomear o juiz por um período, sendo que para ganhar outro período passam por esse referendo.
  • Doze estados nomeiam os juízes de suas cortes mais altas por toda a vida (ou até os 70 anos) ou usam alguma fórmula de confirmação indireta desses juizes vitalícios periodicamente.
  • Para as demais cortes de instâncias mais baixas os esquemas de nomeação e desnomeação são semelhantes, embora o povo de cada município possa definir o seu da maneira que bem entender.
aa10
Ha múltiplas regras de financiamento de campanhas para juiz para tentar limitar ao máximo os gastos e, assim, a “influência do poder econômico” sobre a justiça. Mas nenhuma resolve inteiramente o problema. No extremo, a própria Suprema Corte acaba sendo acionada com base na 1º Emenda da Constituição que proibe o Congresso de infringir seis direitos fundamentais, entre eles o de expressão, onde os candidatos reivindicam o mesmo direito que qualquer candidato a qualquer outro cargo tem de se expressar e arranjar seus canais para faze-lo.

Com isso, os custos de eleições diretas para juízes têm aumentado e alimentado a artilharia dos “contra”, que argumentam que isso acaba por submeter os juízes ao poder econômico, ao que os “a favor” retrucam que submetido ao poder econômico todo mundo está, seja juiz eleito ou nomeado por políticos, mas que eles se sentem bem mais seguros podendo nomear e desnomear eles próprios o seu juiz sujeito ao poder econômico quando ele agir como um vendido.
A briga é boa…
aa2
Para os juízes federais a história é a seguinte. Desde a fundação do país os senadores e outros político do partido no governo decidiam ao seu bel prazer quem seria nomeado juiz das cortes federais. O resultado, guardadas as proporções, foi parecido com o que conhecemos por aqui. Em 1974, na Flórida, isso começou a mudar. Aquele estado foi o primeiro a tirar o poder antes exclusivo dos seus senadores e constituir uma comissão independente do governo e dos partidos para recrutar e nomear os juízes das suas cortes federais. Por dois anos a Flórida esteve sozinha nesse método. Mas entre 1976 e 1979, debaixo de uma campanha nacional por reformas no Judiciário iniciada na esteira do escândalo Watergate, outros 30 estados criaram comissões permanentes independentes para a mesma função.
Hoje comissões independentes escolhem listas prévias de candidatos tanto para os juízes estaduais, entregues para seleção final aos govenadores, quanto para os juízes federais, entregues ao Senado que, dessas listas, faz um corte adicional para submeter uma lista menor para nomeação pelo Presidente da República. Feito isso, o nomeado volta para o Senado para a sabatina final de aprovação.
Esses juízes, é claro, vêm quase sempre do filtro prévio diretamente a cargo do povo nas eleições ou reconfirmações no cargo pelos “votos de retenção” das instâncias inferiores.
aa13
A Corte Suprema continua do mesmo jeito que foi desenhada em 1789, tendo passado, desde então, apenas por alguma variação no numero de membros. Hoje eles são o Juiz Supremo da Nação e mais oito juizes com as indicações a cargo do Presidente da Republica e sujeitos a reconfirmação pelo Senado. O cargo é vitalício, sem limite de idade, o que torna bem mais difícil calcular o seu “aparelhamento” partidário, mesmo havendo só dois grandes partidos.

Existem, portanto, muito mais soluções prontas, testadas e aprovadas pelo uso, para os problemas com os quais nos debatemos às cegas até hoje, do que o jornal que você lê e a televisão que você assiste querem que você conheça.
Cruzada com outras armas recorrentemente mencionadas e dissecadas aqui no Vespeiro tais como o voto distrital com recall (aqui), poderosíssimo desinfetante dos poderes Executivo e Legislativo, ou o Performance Bond(aqui), poderosíssimo agente supressor do habitat para a praga da corrupção que, desde 1897 (isso mesmo, ha 118 anos), tira a execução das obras públicas das mãos dos governos que as licitam, nos EUA, e as põe na de seguradoras que são remuneradas pelo que conseguirem economizar sobre o preço tratado, evitando que políticos e empreiteiros fiquem sozinhos no escurinho do cinema; cruzada com essas outras armas de defesa pessoal do povo, dizia, esses óbvios recursos de filtragem também do Poder Judiciário hoje adotados por metade do mundo, da Ásia às Américas, da Groenlândia à Nova Zelândia, permitem aos habitantes do primeiro mundo recorrer às orações só mesmo para aquilo que não tem remédio terreno.
O resto eles resolvem trabalhando sem que ninguém neste mundo tenha poder para vir encher-lhes o saco enquanto estão se dedicando a isso
                                                                           

Devemos proteger nossa economia, da concorrência estrangeira?

Vamos responder essa pergunta com um exemplo hipotético. Primeiro, vamos imaginar um mundo onde há apenas duas ilhas: Jamaica, de belas praias ensolaradas, e Gran-Bretanha, de clima sempre fechado e chuvoso. Os habitantes de Gran-Bretanha têm muito apreço por água de coco, e podem comprar o refresco de produtores locais ou importá-lo da Jamaica. Vamos analisar essas duas possibilidades.
Ilhas Jaymaca e Glas-Betanha
Para os produtores bretaõs, lhes custa $1,00 por litro executar todo o processo que se inicia em plantar os coqueiros e termina ao engarrafar a bebida. Porque os produtores jamaicanos contam com clima mais adequado para essa atividade, seus coqueiros dão mais cocos por ano, e seus cocos ainda são maiores e com mais água. Por tudo isso, eles conseguem executar o mesmo processo por apenas $0,70 o litro.
Cada um desses dois produtores aplica uma margem de lucro de 10% sobre seus preços, de modo que vendem seus produtos por $1,10 e $0,77, respectivamente. O custo de transporte para levar a mercadoria de uma ilha para outra é de $0,13 por litro transportado. O custo do transporte dentro de cada ilha é desprezível e arredondado para zero.
agua de cocoResumindo tudo, os habitantes de Gran-Betanha têm duas opções: comprar o litro da bebida por $1,10 do produtor local ou por $0,90 do produtor estrangeiro. É evidente que escolherão a bebida feita na Jamaica; os jamaicanos, mais ainda, pois não precisam pagar por transporte. Logo, os produtores bretãos não conseguirão encontrar clientes e sairão de mercado. Isso não é culpa deles, afinal é o clima jamaicano o que faz com que seus coqueiros sejam mais produtivos, e não há nada que os bretãos possam fazer para continuar nesse mercado. Ou talvez haja.
Os produtores bretãos anunciam que se não conseguirem vender seu produto, terão de fechar seus negócios e demitir todos os seus trabalhadores. Há evidente comoção popular, e uma assembleia popular determina um imposto de 30% sobre toda a água de coco que entra na ilha sob alegação de proteger os empregos nessa indústria.
Com isso, o produto que era vendido a $0,77 receberá um imposto de $0,23, seu valor de frete continuará em $0,13, resultando em um produto final que custa $1,13 à população. Os produtores bretãos, vendendo a $1,10, agora conseguem encontrar compradores interessados. Mas esses compradores antes conseguiam consumir a bebida por $0,90 o litro, agora precisam pagar $1,10.
Sempre que se fala em proteger a economia nacional da competição estrangeira, se olha pelo lado do produtor nacional. Raramente se leva em conta o que acontece com os consumidores do país, que agora só têm escolhas piores do que tinham antes. Imagine o que acontece quando esse imposto é aplicado não somente sobre a água de coco, mas sobre todos os produtos: há um aumento no nível geral de preços para todos os consumidores e seus salários perdem poder de compra.
PãezinhosO Brasil importa máquinas que são usadas em nossas indústrias, trigo que é ingrediente do nosso pãozinho, fertilizantes aplicados em nossa agricultura, e tantas outras mercadorias. O Imposto sobre a Importação encarece todos esses bens intermediários (e muitos outros), encarecendo também todos os seus produtos finais, e atingindo a população toda. “Mas ele não protege empregos?”
Não, nem isso é verdade. Toda economia tem dois tipos de indústria: aquelas que são protegidas da concorrência estrangeira e aquelas que não são. Os trabalhadores irão sempre escolher o emprego que lhes permite melhores condições de vida. Por conta do imposto de importação, para muitos deles esse emprego será em alguma indústria protegida. Mas essa indústria só consegue oferecer salários altos porque a população é obrigada a comprar seu produto a um preço encarecido – o que não acontece com aquelas do outro grupo.
Ao se eliminar o imposto de importação, as indústrias protegidas deixam de existir e seus trabalhadores migram para a próxima melhor opção, que necessariamente será uma indústria não protegida. Seus salários serão nominalmente menores, mas eles conseguirão comprar mais bens e serviços com eles porque houve uma redução no nível geral de preços – não só para eles, mas para todos os trabalhadores.
O elemento que elevava o salário desses trabalhadores é exatamente o mesmo que encarecia os produtos na economia. Quando é eliminado, pressiona simultaneamente preços e salários de volta para baixo. É claro que nem todo o aumento de preços dos produtos protegidos vai para os trabalhadores, parte dele fica para o empresário.
handshake empresario politicoO governo também aumenta sua receita de impostos, o empresário beneficiado sente-se “muito agradecido” ao político que instituiu a proteção, e por aí começamos a perceber porque, a despeito de tudo que foi explicado, países gostam de tributar suas importações sob pretexto de proteger empregos. As barreiras à importação não têm a intenção de proteger o produtor nacional do produtor estrangeiro, mas de proteger o dono da produção nacional da população de seu país.
Não havendo imposto de importação na ilha de Gran-Betanha, a indústria de água de coco fecha e seus trabalhadores migram para outra onde a ilha tem vantagem competitiva. É possível demonstrar matematicamente que todos os países encontrarão setores produtivos onde são comparativamente mais eficientes, e portanto o temor de que a economia de um país seria “engolida” pela concorrência estrangeira também não se verifica na prática.
A grande vantagem de não haver barreiras a importações é exatamente que a melhor opção de trabalho de cada trabalhador será sempre em algum setor da economia em que o país tem maior eficiência de produção. Ao invés de os setores produtivos arrastarem a bola de ferro de financiar setores improdutivos, o país concentrará todos os seus fatores de produção (como a mão de obra) naqueles produtos que consegue produzir melhor, aumentando seu PIB e a renda dos seus trabalhadores.
Infelizmente esta cultura não faz parte do conjunto de valores dos cidadãos brasileiros, não existe compreensão de quanto eles são prejudicados, por acreditarem deve-se proteger quem nasceu no Brasil e desprezar aquele que vem oferecer algo melhor para nós. 
                                                                                   

quarta-feira, 29 de junho de 2016

O Capitalismo de Estado, o câncer brasileiro


Resultado de imagem para OI charges

                                                                  
A empresa de telefonia Oi está financeiramente insolvente.  No ultimo, dia 20, ela entrou com o maior pedido de recuperação judicial já protocolado na história do país.
A empresa informou que o total que tem a pagar a terceiros é de R$ 65,4 bilhões.
Este pedido de recuperação é seis vezes maior do que o recorde anterior, pertencente à OGX, de Eike Batista, que, em 2013, declarou ter dívidas de R$ 11,2 bilhões.
Com a medida, a Oi se protege de cobranças de credores, enquanto tenta renegociar sua dívida bilionária com supervisão judicial.
Somente a dívida financeira da companhia está próxima de R$ 50 bilhões, sendo R$ 34 bilhões devidos a credores estrangeiros e cerca de R$ 16 bilhões a instituições financeiras.
Qual a história da Oi?
Indo direto ao ponto, a atual Oi nasceu da megalomania do ex-presidente Lula de querer criar "campeãs nacionais" em vários setores da economia — além da Oi, a BRF, a JBS/Friboi e a Fibria são as principais representantes desse delírio, assim como foram a LBR (quebrada) e a Marfrig (no vermelho). 
A intenção de Lula,( claro conseguindo teria os seus 3 %) com a Oi, era criar uma "supertele nacional" para fazer frente a gigantes como a espanhola Telefónica (dona da Vivo) e a mexicana América Móvil (dona de Claro, Embratel e Net).  Falava-se até em lançar operações em outros países.
Obcecado, Lula não se furtou a desrespeitar as leis vigentes e, por meio de um decreto presidencial, mudou a Lei Geral de Telecomunicações (algo que não poderia ser regulamentado naquela época), permitindo a fusão da Telemar com a Brasil Telecom, de Daniel Dantas.
Envolto em um morfético discurso nacionalista, Lula exortou os bancos estatais — BNDES, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil — a financiar a operação.  Utilizando do nosso dinheiro de impostos, a fusão foi feita, daí resultando a Oi.
Mas, desde o início, já havia indícios de que essa operação política seria um fracasso. Tanto que, ainda em 2010, Lula começou a manobrar para trazer um novo sócio para a empresa, a Portugal Telecom. A justificativa era que, com os portugueses na gestão e trazendo mais capital, a companhia decolaria.
O tempo mostrou, mais uma vez, que a intervenção do estado, grande obsessão de esquerdistas resultou em um péssimo negócio. A Oi continuou afundando em dívidas, em prejuízos e em serviços de péssima qualidade.
Pior, afundou-se em denúncias de corrupção. Foi descoberto que, antes da fusão com a Brasil Telecom, a Telemar havia dado R$ 5,2 milhões para a Gamecorp, empresa controlada por Lulinha, o filho mais velho de Lula.
Mais tarde, vieram à tona investigações em Portugal sobre irregularidades na entrada dos portugueses na negociata da Oi.  A coisa era tão escabrosa, que até o ex-primeiro ministro português, José Sócrates, acabou indo para a cadeia.
Inevitavelmente, a imagem da empresa ficou enlameada. As sucessivas trocas de administrações não bastaram para superar a incapacidade da empresa de se reinventar, de ser mais eficiente, de prestar bons serviços e de ter solidez fiscal.( o presidente e os diretores com seus penduricalhos acadêmicos estavam fazendo o que?)
A recuperação judicial da Oi é apenas mais um retrato do nosso descalabro.
Por que a Oi tem de falir isso mesmo falir
Veja essa notícia, do mês passado:
A Oi encerrou o primeiro trimestre com prejuízo líquido consolidado de R$ 1,644 bilhão, 268% maior que o de R$ 447 milhões no mesmo período de 2015, impactado principalmente pelo resultado financeiro. Este foi de R$ 1,903 bilhão, 49,9% maior que no mesmo trimestre do ano anterior, quando era de R$ 1,269 bilhão.
Ou seja, os prejuízos da empresa eram contínuos.  E isso é nefasto para toda a sociedade. 
Sim, empresas tendo seguidos prejuízos são nefastas, pois estão destruindo riqueza da sociedade.assunto que esquerdistas da imprensa não compreendem.
Imagine que você adquiriu um material que, em seu estado bruto e inalterado, vale $100.  Ato contínuo, você altera essa matéria-prima, adiciona sua criatividade e sua mão-de-obra, e gera um produto final que as pessoas irão voluntariamente querer adquirir por $150.  Você gerou valor para a sociedade.  Você acrescentou valor para a sociedade e auferiu um lucro por causa disso. 
Agora, imagine que você adquire esse mesmo material, que em seu estado bruto e inalterado vale $100, altera-o à sua maneira e gera um produto final valorado em apenas $50 pelas pessoas.  Você não apenas não auferiu lucro nenhum, como na realidade subtraiu riqueza da sociedade.  A sociedade ficou mais pobre por sua causa. 
É por isso que empresas que geram prejuízos são deletérias para uma sociedade.  Elas consomem recursos e não entregam valor.  Elas, na prática, subtraem valor da sociedade.  Uma empresa que opera com prejuízo é uma máquina de destruição de riqueza.  (O mecanismo sinalizador que orienta todas as decisões e fornece os resultados é o sistema de preços). 
E é por isso que empresas que operam continuamente com prejuízo — por mais importantes que elas sejam para o "orgulho nacional" — devem falir e ser vendidas para novos administradores mais competentes. Falências são algo extremamente positivo para uma economia, pois permitem que aqueles concorrentes mais produtivos e mais capazes tenham a oportunidade de comprar os ativos das empresas falidas a preços de barganha, permitindo-os fortalecer suas operações e voltar a criar valor para a sociedade. 
Um governo proteger empresas falidas ou que operam com seguidos prejuízos é a maneira mais garantida de empobrecer uma economia.
A situação é pior
A situação da Oi se torna ainda mais bizarra quando se leva em consideração o fato de que essa empresa não apenas foi formada com impostos dos brasileiros, como ainda opera em um setor totalmente protegido pelo governo por meio de uma agência reguladora.
A função da ANATEL, como já comprovada por vários fatos, é exatamente a de criar uma reserva de mercado, proteger as empresas já estabelecidas, e impedir a entrada de concorrentes estrangeiros no setor, garantindo assim retornos confortáveis para as operadoras de telefonia.
O que há no setor de telefonia do Brasil é uma brincadeira de capitalismo. Vivo, Oi, TIM e Claro brincam de concorrência umas com as outras — concorrência capitalista, no entanto, nunca existiu.  Essas empresas são protegidas pelo governo de potenciais concorrentes, e vão empurrando com a barriga as inovações, e cobrando altíssimos preços por serviços latrinários.  Todas são recordistas de reclamações no Procon. 
O economista Felipe Rosa explica esta situação:
A Anatel também regula a quantidade de empresas que atuam por região, assim como proíbe a livre entrada e saída de empresas ofertantes de produtos e serviços no atacado e no varejo. Essa combinação no controle de entradas e saídas de produtos e empresas, somadas ao rígido regime tarifário imposto pela Anatel, são aspectos preponderantes para o fraco desempenho brasileiro no setor quando o comparamos ao britânico.
A Anatel, ao regular a entrada e saída de empresas nas telecomunicações, está protegendo as concessionárias que possuem a outorga de ofertar o serviço em suas regiões. Tal ação garante às quatro empresas dominantes nesse segmento total e completa segurança contra a entrada de potenciais concorrentes. Essa característica de mercado proposta pela agência reguladora brasileira carteliza o mercado institucionalmente, tornando o arranjo concorrencial propício para uma política de preços altos e/ou serviços ineficientes.
A intenção aqui é mostrar a façanha da Oi: uma empresa formada com o nosso dinheiro e resultado de uma megafusão patrocinada pelo governo, opera em um mercado protegido e cartelizado, e ainda consegue ir à falência. 
Eis um retrato perfeito de quão nefasto é o capitalismo de estado no Brasil.
                                                           

terça-feira, 21 de junho de 2016

Porque os EUA são ricos e o Brasil continuará a ser pobre.

Resultado de imagem para EUA rico x Brasil pobre charges


                                        

Diferenças de mentalidade entre norte-americanos e brasileiros (ou: porque os EUA são um país rico, e o Brasil, um país pobre)

“Realmente a noção de mês para uma criança equivale à eternidade. Meu filho de 12 anos recebe uma mesada atrelada à lavagem da louça (1 por dia, geralmente do café da manhã) e de seu comportamento, mensalmente, e está ok pra ele, mas o meu de 4 anos (que só recebe brinquedos se recolhê-los) pensa que sábado é a 15 minutos da loja rsrsrs.… pena que para os brasileiros lavar a louça ou lavar o carro são tarefas de pessoas despreparadas. Admiro muito isso nos americanos e penso que isso é a base do empreendedorismo! (destaque por minha conta)”.
Esse lúcido comentário me fez relembrar quais são os motivos que fazem os EUA serem um país rico – e que continuará sendo rico (a despeito da última crise financeira) – e o Brasil ser um país pobre – e que continuará sendo pobre (por favor, não me venham com manifestações de complexo tupiniquim, a menos, é claro, que haja uma verdadeira transformação de mentalidade e cultura, que geralmente (e infelizmente) leva décadas para ocorrer…
Certamente, esses motivos não explicam toda a diferença entre um país e outro, mas explicam um punhado de coisas. E isso porque eles deitam raízes na mentalidade, e a mentalidade, como sabemos, é a base para os comportamentos, ou seja, para as ações no mundo prático.
Trabalho e empreendedorismo
No Brasil, o trabalho, via de regra, é visto como algo penoso. Tá, isso também pode ser verdade em outros países. Mas é como a Gisely disse acima: “pena que para os brasileiros lavar a louça ou lavar o carro são tarefas de pessoas despreparadas. Admiro muito isso nos americanos e penso que isso é a base do empreendedorismo!” Não tenho como concordar mais com essa frase.
Será que Warren Buffett teria, no Brasil, algum êxito, caso, na mais tenra infância, quisesse trabalhar como entregador de jornais, como ele fez nos Estados Unidos (e está magnificamente registrado na biografia “Bola de Neve”)? Dificilmente. Engraçado que as lotéricas brasileiras vivem cheias de filas em épocas de Mega Sena acumulada. Agora, preocupar-se em educar-se financeiramente, ah, para isso nunca existe fila! Na verdade, as pessoas têm até vergonha, receio, medo e preconceito de falar de dinheiro. As pessoas brasileiras. É duro dizer isso, mas é a realidade. Se tiver ainda alguma dúvida, confiram nesse post: Na Internet, é uma beleza! Mas, na vida real… ah, na vida real, como é difícil conversar sobre finanças com as pessoas… É como oJônatas afirmou, num ótimo post no blog Efetividade, sobre a tão propalada e emergente “classe C brasileira”:
“O que a classe C precisa, e cabe ao governo tal incentivo, é gastar mais em educação. O aumento de renda deve ser gasto para aumentar a base cultural da família e proporcionar constantes e sustentáveis aumentos da renda. Afinal, ganha mais quem conhece mais.
Eu nunca vi alguém dizendo que com o aumento da renda pôde adquirir mais livros, realizar cursos e participar de seminários. Também nunca vi alguém falando em investir parte da renda adicional, em economizar hoje pensando no amanhã”.
Eis aí um dos motivos pelos quais ser empreendedor no Brasil é tão difícil. Porque falta base, falta educação de qualidade dirigida aos negócios, falta maior debate sobre troca de experiências, porque falta um cultura onde se valorize o empreendedorismo, ao invés de penalizá-lo, com tributos escorchantes e falta de incentivos vinda de todos os lados (a começar pelo seu vizinho, amigo ou parente mais próximo). Será que o brasileiro Eduardo Saverin teria alguma chance se tivesse estudado no Brasil? Com todo respeito que merecem as melhores universidades brasileiras, no way (obs.: Eduardo Saverin foi um dos co-fundadores da rede social Facebook, criada, aliás, no quarto de um estudante de Harvard). Mas a culpa disso, como vocês já devem ter sacado, não é das universidades brasileiras. É da mentalidade (infelizmente) (e ainda) reinante no Brasil.
Doações
Esse talvez seja o ponto mais crítico e mais distintivo entre as duas culturas, a americana e a brasileira. Enquanto nos Estados Unidos se valoriza uma prática onde as doações desempenham papel fundamental na construção de riqueza, e onde os ricos e milionários se orgulham de fazer doações de quantias astronômicas, no Brasil, as doações são relegadas a segundo plano (quando não são vistas com preconceito e motivo de chacota).
Quer ver um sintoma disso?
Existe um famoso escritor brasileiro de finanças pessoais (não vou citar nomes), que chega ao absurdo de dizer que você, caro leitor, não deve, sob hipótese alguma, fazer doações durante sua vida. As doações só devem ter como fonte os rendimentos obtidos de sua renda passiva, ou seja, de seus investimentos. E ele fala isso sob o argumento de que as doações de parte do salário prejudicarão seu plano de independência financeira e construção de riqueza.
Se fôssemos levar esse pensamento às últimas consequências, não eram só as igrejas que não teriam sobrevivido, mas também importantes hospitais que fazem tratamento de pessoas com câncer, orfanatos e creches que recebem crianças e bebês abandonadas pelos pais, instituições filantrópicas que cuidam de pessoas portadoras de necessidades especiais, asilos que recebem pessoas de terceira idade abandonadas pelas suas respectivas famílias, instituições de caridade que mantêm programas de tratamento e reabilitação de pacientes que não têm condições de arcar com os custos de sua recuperação de saúde, como APAES, AACDs…
E aí, caro leitor, é dessa forma que você quer encarar seu dinheiro? É seguindo esse conselho do tipo egoísta dado por esses especialistas? E se for o seu filho/mãe/irmão justamente a precisar dos serviços de um desses estabelecimentos que só sobrevivem graças à ajuda de doações de parte de salário? Como é que fica?
Lembre-se: quem fecha a mão para as doações é pessoa controlada pelo dinheiro. É um escravo do dinheiro. Aquilo que te liberta é também o que te aprisiona. Pessoas que entendem o valor das doações sabem perfeitamente a função do dinheiro. Elas o controlam, ao invés de se deixarem ser controladas por ele. Conhecem a lei da reciprocidade? Tudo o que você faz retorna para você. Ser mão fechada com o dinheiro tem um custo, e ele será cobrado de você nos momentos mais inapropriados. É a lei do retorno. É por acaso sendo egoísta, no plano individual, que se constrói, no plano coletivo, o valor da solidariedade? Normalmente, só compreendemos o valor da solidariedade quando precisamos dela, e não quando ela precisa de nós, e nós, tendo condições, simplesmente ignoramo-asAproveite enquanto é tempo, antes que o egoísmo venha até você cobrar seu preço.
Nesse controverso assunto, eu sou mais adepto da opinião compartilhada por outro especialista, educador financeiro no sentido exato do termo, de “educar”, e não ‘deseducar”, financeiramente as pessoas, e que costuma aparece no programa Elas & Lucros, o Mauro Calil. O Mauro é a favor das doações, é a favor dos dízimos, é a favor das contribuições voluntárias, de parte do salário. Eu estou com ele. Dinheiro vai e vem, mas as consequências do que se faz com ele permanecem para sempre, e aparecem concretamente na vida das pessoas.
No Brasil, com raras e honrosas exceções, os ricos e milionários não aparecem por causa de suas doações e causas nobres, mas por causa da ostentação de seus bens de consumo de luxo. Já nos Estados Unidos, por exemplo, o que faz Warren Buffett ser “o” cara… é outra coisa. Completamente diferente.
Longo prazo e comodismo
O filho brasileiro completou 18 anos? Ótimo, tome um carro (financiado), na garagem, pro rapaz. O filho norte-americano completou 18 anos? Beleza também, tome… tome uma carteira de ações para começar (ou reforçar, quem sabe) seu plano de aposentadoria.
A meta financeira principal do norte-americano é construir uma aposentadoria confortável. A meta financeira principal do brasileiro é garantir a casa própria.
O brasileiro médio preocupa-se mais com a casa própria do que com a aposentadoria porque acha que o INSS, o governo, a empresa ou a família irá lhe garantir o sustento no futuro. Não existe nada mais completamente errado. O maior responsável pelo seu futuro tem que ser você mesmo. Até quem é funcionário público está sentindo na pele que as mudanças estão sendo – e continuarão sendo – para pior. Primeiro, vieram com o fim da aposentadoria integral. Depois, resolveram tributar os inativos. O que virá a seguir? Existem vários projetos, esperando só o aval dos políticos para virarem lei (e não custa nada repetir que nosso time de políticos recebeu o reforço do Tiririca…). Coisas como estabelecer o teto do INSS para os benefícios do funcionalismo público, instituir contas individuais de previdência para os servidores públicos (como existe no Chile), onde o benefício é proporcional à contribuição individual, adiar a idade mínima da aposentadoria, aumentar o tempo de contribuição para 40 anos (homens) e 35 anos (mulheres), aumentar as alíquotas de contribuição para o PSS, são apenas algumas das medidas. E não, não acreditem nessa história de direito adquirido (vide a “taxação” dos inativos). Como, aliás, não devem acreditar em Papai Noel, Saci Pererê e Lobo Mau.
Enfim, sair da zona de conforto não é obrigação para ninguém. Trata-se apenas e tão somente de mera questão de escolha. Mas lembre-se: você é livre para escolher, mas não é livre das consequências de suas escolhas.
Conclusão: só se muda uma nação…
… quando se muda a mentalidade. Cabe a cada um fazer a sua parte. Eu estou fazendo a minha, alertando os leitores para que tenham um pensamento crítico a respeito do que se escreve e do que se faz por aí.
Quer mais um exemplo? Dizem que a abertura de capital das empresas na Bolsa de Valores está promovendo o crescimento econômico no Brasil, pois as empresas não precisam mais recorrer a empréstimos em bancos para financiar suas atividades. Mas até que ponto as tais IPOs trouxeram benefícios concretos a você, caro consumidor/cliente dessas mesmas empresas? Por acaso o banco que fez IPO na Bovespa, e do qual você tem conta, baixou as tarifas bancárias e as taxas de administração de seus fundos? Ou, ao contrário, resolveu aumentá-las? Por acaso a empresa da qual você tem plano de saúde/odontológico/seguro de vida, que abriu capital na Bolsa, diminuiu o valor da mensalidade de seu plano de saúde ou de seguro? A cia. aérea/programa de fidelidade que estreou ações na Bolsa está facilitando o resgato de pontos ou o barateamento das viagens? Ficam as reflexões…
As empresas que abrem capital na Bolsa se deparam com um dilema, pois, para mostrar resultados para os acionistas, muitas vezes, são obrigadas a tomar atitudes que prejudicam seus clientes. A começar pela própria Bovespa, que resolveu instituir um monte de tarifas (custódia mensal, custódia anual etc.), que simplesmente não existiam enquanto era uma associação civil sem fins lucrativos…
Temos que mirar nos bons exemplos, naquilo que funciona e que agrega valor às nossas vidas. Por isso que, a despeito de todas as dificuldades, eu prezo, por exemplo, por trazer resenhas de livros norte-americanos de finanças pessoais e investimentos, ao invés de ficar na mesmice de muitas publicações brasileiras (algumas que nem deveriam estar na lista de best sellers, mas, enfim, como “em terra de cego quem tem um olho é rei”, as pessoas se aproveitam da desinformação e ignorância dos outros e o resultado está aí, lamentável…).
Que tenhamos disposição para sermos agentes de mudança, e não expectadores passivos da manutenção das coisas como elas se encontram. 
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!