terça-feira, 21 de junho de 2016

Porque os EUA são ricos e o Brasil continuará a ser pobre.

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Diferenças de mentalidade entre norte-americanos e brasileiros (ou: porque os EUA são um país rico, e o Brasil, um país pobre)

“Realmente a noção de mês para uma criança equivale à eternidade. Meu filho de 12 anos recebe uma mesada atrelada à lavagem da louça (1 por dia, geralmente do café da manhã) e de seu comportamento, mensalmente, e está ok pra ele, mas o meu de 4 anos (que só recebe brinquedos se recolhê-los) pensa que sábado é a 15 minutos da loja rsrsrs.… pena que para os brasileiros lavar a louça ou lavar o carro são tarefas de pessoas despreparadas. Admiro muito isso nos americanos e penso que isso é a base do empreendedorismo! (destaque por minha conta)”.
Esse lúcido comentário me fez relembrar quais são os motivos que fazem os EUA serem um país rico – e que continuará sendo rico (a despeito da última crise financeira) – e o Brasil ser um país pobre – e que continuará sendo pobre (por favor, não me venham com manifestações de complexo tupiniquim, a menos, é claro, que haja uma verdadeira transformação de mentalidade e cultura, que geralmente (e infelizmente) leva décadas para ocorrer…
Certamente, esses motivos não explicam toda a diferença entre um país e outro, mas explicam um punhado de coisas. E isso porque eles deitam raízes na mentalidade, e a mentalidade, como sabemos, é a base para os comportamentos, ou seja, para as ações no mundo prático.
Trabalho e empreendedorismo
No Brasil, o trabalho, via de regra, é visto como algo penoso. Tá, isso também pode ser verdade em outros países. Mas é como a Gisely disse acima: “pena que para os brasileiros lavar a louça ou lavar o carro são tarefas de pessoas despreparadas. Admiro muito isso nos americanos e penso que isso é a base do empreendedorismo!” Não tenho como concordar mais com essa frase.
Será que Warren Buffett teria, no Brasil, algum êxito, caso, na mais tenra infância, quisesse trabalhar como entregador de jornais, como ele fez nos Estados Unidos (e está magnificamente registrado na biografia “Bola de Neve”)? Dificilmente. Engraçado que as lotéricas brasileiras vivem cheias de filas em épocas de Mega Sena acumulada. Agora, preocupar-se em educar-se financeiramente, ah, para isso nunca existe fila! Na verdade, as pessoas têm até vergonha, receio, medo e preconceito de falar de dinheiro. As pessoas brasileiras. É duro dizer isso, mas é a realidade. Se tiver ainda alguma dúvida, confiram nesse post: Na Internet, é uma beleza! Mas, na vida real… ah, na vida real, como é difícil conversar sobre finanças com as pessoas… É como oJônatas afirmou, num ótimo post no blog Efetividade, sobre a tão propalada e emergente “classe C brasileira”:
“O que a classe C precisa, e cabe ao governo tal incentivo, é gastar mais em educação. O aumento de renda deve ser gasto para aumentar a base cultural da família e proporcionar constantes e sustentáveis aumentos da renda. Afinal, ganha mais quem conhece mais.
Eu nunca vi alguém dizendo que com o aumento da renda pôde adquirir mais livros, realizar cursos e participar de seminários. Também nunca vi alguém falando em investir parte da renda adicional, em economizar hoje pensando no amanhã”.
Eis aí um dos motivos pelos quais ser empreendedor no Brasil é tão difícil. Porque falta base, falta educação de qualidade dirigida aos negócios, falta maior debate sobre troca de experiências, porque falta um cultura onde se valorize o empreendedorismo, ao invés de penalizá-lo, com tributos escorchantes e falta de incentivos vinda de todos os lados (a começar pelo seu vizinho, amigo ou parente mais próximo). Será que o brasileiro Eduardo Saverin teria alguma chance se tivesse estudado no Brasil? Com todo respeito que merecem as melhores universidades brasileiras, no way (obs.: Eduardo Saverin foi um dos co-fundadores da rede social Facebook, criada, aliás, no quarto de um estudante de Harvard). Mas a culpa disso, como vocês já devem ter sacado, não é das universidades brasileiras. É da mentalidade (infelizmente) (e ainda) reinante no Brasil.
Doações
Esse talvez seja o ponto mais crítico e mais distintivo entre as duas culturas, a americana e a brasileira. Enquanto nos Estados Unidos se valoriza uma prática onde as doações desempenham papel fundamental na construção de riqueza, e onde os ricos e milionários se orgulham de fazer doações de quantias astronômicas, no Brasil, as doações são relegadas a segundo plano (quando não são vistas com preconceito e motivo de chacota).
Quer ver um sintoma disso?
Existe um famoso escritor brasileiro de finanças pessoais (não vou citar nomes), que chega ao absurdo de dizer que você, caro leitor, não deve, sob hipótese alguma, fazer doações durante sua vida. As doações só devem ter como fonte os rendimentos obtidos de sua renda passiva, ou seja, de seus investimentos. E ele fala isso sob o argumento de que as doações de parte do salário prejudicarão seu plano de independência financeira e construção de riqueza.
Se fôssemos levar esse pensamento às últimas consequências, não eram só as igrejas que não teriam sobrevivido, mas também importantes hospitais que fazem tratamento de pessoas com câncer, orfanatos e creches que recebem crianças e bebês abandonadas pelos pais, instituições filantrópicas que cuidam de pessoas portadoras de necessidades especiais, asilos que recebem pessoas de terceira idade abandonadas pelas suas respectivas famílias, instituições de caridade que mantêm programas de tratamento e reabilitação de pacientes que não têm condições de arcar com os custos de sua recuperação de saúde, como APAES, AACDs…
E aí, caro leitor, é dessa forma que você quer encarar seu dinheiro? É seguindo esse conselho do tipo egoísta dado por esses especialistas? E se for o seu filho/mãe/irmão justamente a precisar dos serviços de um desses estabelecimentos que só sobrevivem graças à ajuda de doações de parte de salário? Como é que fica?
Lembre-se: quem fecha a mão para as doações é pessoa controlada pelo dinheiro. É um escravo do dinheiro. Aquilo que te liberta é também o que te aprisiona. Pessoas que entendem o valor das doações sabem perfeitamente a função do dinheiro. Elas o controlam, ao invés de se deixarem ser controladas por ele. Conhecem a lei da reciprocidade? Tudo o que você faz retorna para você. Ser mão fechada com o dinheiro tem um custo, e ele será cobrado de você nos momentos mais inapropriados. É a lei do retorno. É por acaso sendo egoísta, no plano individual, que se constrói, no plano coletivo, o valor da solidariedade? Normalmente, só compreendemos o valor da solidariedade quando precisamos dela, e não quando ela precisa de nós, e nós, tendo condições, simplesmente ignoramo-asAproveite enquanto é tempo, antes que o egoísmo venha até você cobrar seu preço.
Nesse controverso assunto, eu sou mais adepto da opinião compartilhada por outro especialista, educador financeiro no sentido exato do termo, de “educar”, e não ‘deseducar”, financeiramente as pessoas, e que costuma aparece no programa Elas & Lucros, o Mauro Calil. O Mauro é a favor das doações, é a favor dos dízimos, é a favor das contribuições voluntárias, de parte do salário. Eu estou com ele. Dinheiro vai e vem, mas as consequências do que se faz com ele permanecem para sempre, e aparecem concretamente na vida das pessoas.
No Brasil, com raras e honrosas exceções, os ricos e milionários não aparecem por causa de suas doações e causas nobres, mas por causa da ostentação de seus bens de consumo de luxo. Já nos Estados Unidos, por exemplo, o que faz Warren Buffett ser “o” cara… é outra coisa. Completamente diferente.
Longo prazo e comodismo
O filho brasileiro completou 18 anos? Ótimo, tome um carro (financiado), na garagem, pro rapaz. O filho norte-americano completou 18 anos? Beleza também, tome… tome uma carteira de ações para começar (ou reforçar, quem sabe) seu plano de aposentadoria.
A meta financeira principal do norte-americano é construir uma aposentadoria confortável. A meta financeira principal do brasileiro é garantir a casa própria.
O brasileiro médio preocupa-se mais com a casa própria do que com a aposentadoria porque acha que o INSS, o governo, a empresa ou a família irá lhe garantir o sustento no futuro. Não existe nada mais completamente errado. O maior responsável pelo seu futuro tem que ser você mesmo. Até quem é funcionário público está sentindo na pele que as mudanças estão sendo – e continuarão sendo – para pior. Primeiro, vieram com o fim da aposentadoria integral. Depois, resolveram tributar os inativos. O que virá a seguir? Existem vários projetos, esperando só o aval dos políticos para virarem lei (e não custa nada repetir que nosso time de políticos recebeu o reforço do Tiririca…). Coisas como estabelecer o teto do INSS para os benefícios do funcionalismo público, instituir contas individuais de previdência para os servidores públicos (como existe no Chile), onde o benefício é proporcional à contribuição individual, adiar a idade mínima da aposentadoria, aumentar o tempo de contribuição para 40 anos (homens) e 35 anos (mulheres), aumentar as alíquotas de contribuição para o PSS, são apenas algumas das medidas. E não, não acreditem nessa história de direito adquirido (vide a “taxação” dos inativos). Como, aliás, não devem acreditar em Papai Noel, Saci Pererê e Lobo Mau.
Enfim, sair da zona de conforto não é obrigação para ninguém. Trata-se apenas e tão somente de mera questão de escolha. Mas lembre-se: você é livre para escolher, mas não é livre das consequências de suas escolhas.
Conclusão: só se muda uma nação…
… quando se muda a mentalidade. Cabe a cada um fazer a sua parte. Eu estou fazendo a minha, alertando os leitores para que tenham um pensamento crítico a respeito do que se escreve e do que se faz por aí.
Quer mais um exemplo? Dizem que a abertura de capital das empresas na Bolsa de Valores está promovendo o crescimento econômico no Brasil, pois as empresas não precisam mais recorrer a empréstimos em bancos para financiar suas atividades. Mas até que ponto as tais IPOs trouxeram benefícios concretos a você, caro consumidor/cliente dessas mesmas empresas? Por acaso o banco que fez IPO na Bovespa, e do qual você tem conta, baixou as tarifas bancárias e as taxas de administração de seus fundos? Ou, ao contrário, resolveu aumentá-las? Por acaso a empresa da qual você tem plano de saúde/odontológico/seguro de vida, que abriu capital na Bolsa, diminuiu o valor da mensalidade de seu plano de saúde ou de seguro? A cia. aérea/programa de fidelidade que estreou ações na Bolsa está facilitando o resgato de pontos ou o barateamento das viagens? Ficam as reflexões…
As empresas que abrem capital na Bolsa se deparam com um dilema, pois, para mostrar resultados para os acionistas, muitas vezes, são obrigadas a tomar atitudes que prejudicam seus clientes. A começar pela própria Bovespa, que resolveu instituir um monte de tarifas (custódia mensal, custódia anual etc.), que simplesmente não existiam enquanto era uma associação civil sem fins lucrativos…
Temos que mirar nos bons exemplos, naquilo que funciona e que agrega valor às nossas vidas. Por isso que, a despeito de todas as dificuldades, eu prezo, por exemplo, por trazer resenhas de livros norte-americanos de finanças pessoais e investimentos, ao invés de ficar na mesmice de muitas publicações brasileiras (algumas que nem deveriam estar na lista de best sellers, mas, enfim, como “em terra de cego quem tem um olho é rei”, as pessoas se aproveitam da desinformação e ignorância dos outros e o resultado está aí, lamentável…).
Que tenhamos disposição para sermos agentes de mudança, e não expectadores passivos da manutenção das coisas como elas se encontram. 
É isso aí!
Um grande abraço, e que Deus os abençoe!
                                                    

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