domingo, 2 de agosto de 2015

Ideologia como principal ferramenta de gestão publica,fracasso na certa.

A economia brasileira deve recuar 1,2% em 2015, mais tem companhia,Argentina (-0,7%), Ucrânia (-4,9%), Venezuela (-3,7%) e Rússia (-4%).o que ha em comum ideologia estatizante como motor das decisões.
Vamos a alguns dos principais pecados da esquerda devido a suas crenças e valores:
1. A esquerda é estupidamente anti-mercado.
Mercados (e moedas) são antiqüíssimas instituições humanas – ou melhor, “societais” – que muito contribuíram para “empurrar” as sociedades a patamares mais avançados de organização social da produção e de distribuição de bens e serviços. São não apenas indispensáveis como insubstituíveis, já que permitem operacionalizar, na prática, a velha lei da oferta e da procura, sinalizando o encontro de produtores e de consumidores, mediante esta outra instituição intangível, mas tremendamente real, que se chama “preço”. A esquerda pode até não gostar da lei da oferta e da procura, mas ela não tem o direito de negar sua realidade social e sua validade histórica. Ela pode também achar que a sociedade estaria mais bem organizada segundo o princípio vagamente utópico que proclama, seguindo Marx na sua “Crítica ao Programa de Gotha” (da social-democracia alemã do século XIX), “de cada um segundo suas capacidades, a cada um segundo suas necessidades”.
2. Ela é (falsamente) igualitarista.
A esquerda é igualitarista, o que é compreensível: isso faz parte de seu credo evangelizador e legitima o discurso político pelo qual ela pretende conseguir adeptos e ter sucesso social.A sociedade humana não inventou uma outra instituição tão velha quanto os mercados e as moedas para tentar organizar essa escassez relativa: a propriedade,a fonte de toda a riqueza é o trabalho humano não o estado.supõe que as instituições estatais (que também surgem muito cedo na história das sociedades) respeitem esse princípio da “acumulação individual”. Quando isso não ocorre é mais do que provável que não haverá um incentivo à acumulação e, portanto, ao aumento da riqueza social, com o que todos serão mais pobres, mas especialmente os mais pobres dentre os pobres, uma vez que os verdadeiramente ricos sempre distribuem um pouco de seu patrimônio em torno de si, sob a forma de trabalho doméstico e outros serviços “aliviadores” do seu próprio trabalho.
3. Ela se posiciona contra a “democracia formal”, preferindo a “democracia real”.
A esquerda sempre foi contra a “democracia burguesa”, por ela considerada como simplesmente formal, ou “vazia de conteúdo social”, com conseqüências trágicas para as liberdades em várias épocas e circunstâncias. O que ela pretende é uma “verdadeira” democracia, querendo com isso dizer que todos devem dispor de igualdade de chances, e de um patamar mínimo de subsistência, para exercer plenamente os “direitos políticos”.
Isto é um equívoco grave, pois é como se o conteúdo do regime político fizesse parte de seu “envelope” social. A democracia nada mais é do que um “método”, um conjunto de regras do jogo que se situa na esfera das relações sociais, mas que não podem determinar, essas mesmas regras, as formas pelas quais os membros da sociedade irão repartir as riquezas e administrar as competências individuais, na produção de bens e no seu consumo.
Em outros termos, a democracia não pode ultrapassar sua vocação original, que é a de simplesmente determinar como os cidadãos delegarão mandatos e poderes a seus representantes para o desempenho de funções administrativas (executivas e legislativas), técnicas (serviços públicos), corretivas (justiça) ou defensivas. Parece óbvio, por exemplo, que a democracia brasileira, plenamente existente no plano das instituições, é de “baixa qualidade”, seja no que se refere à representação – o que deriva da educação política da população –, seja no que se refere ao exercício mesmo das funções delegadas, muito pouco controladas pelo povo representado e, sobretudo, se prestando a diversos abusos de forma e de conteúdo (como o fato de que certos delegados do povo façam dessa representação um verdadeiro negócio privado).
4. A esquerda é geralmente estatizante (o que é, realmente, uma pena).
Com efeito, não existe nenhuma razão racional, à exceção daqueles serviços de retorno difuso e contabilidade aleatória – como são as atividades de defesa e justiça –, pela qual a maior parte dos bens e serviços “públicos” não possa funcionar em bases de mercado: a demanda por determinados serviços, como se sabe, é desigual segundo as famílias e não há justificativa econômica, por exemplo, para que solteiros ou casais sem filhos paguem pela educação dos filhos de terceiros. O critério de mercado é o que melhor se ajusta à alocação ótima de recursos segundo a demanda, evitando desperdícios indevidos que sempre vêm associados à chamada apropriação coletiva de serviço públicos.O culto que a esquerda devota ao Estado, como provedor de “bens públicos”, é absolutamente inviável A esquerda deveria refletir sobre essas realidades e revisar um pensamento já por si anacrônico e responsável, nos dias de hoje, por perdas sociais cumulativas, que só podem acarretar prejuízos para os mais pobres, como sempre ocorre.

5. Ela é anti-individualista, preferindo os “direitos coletivos”.
O problema não é apenas filosófico ou moral, uma vez que ele tem conseqüências práticas, segundo o tipo de política pública privilegiada pelos indivíduos que ocupam temporariamente (por vezes de modo delongado) o Estado. A questão é claramente exemplificada pelo caso de Cuba, que constitui, como se sabe, um dos mais tradicionais bastiões de luta política da esquerda brasileira. A defesa da Revolução cubana se faz de modo integral, em bloco, sem distinguir os aspectos meritórios da luta anti-ditatorial conduzida por Fidel Castro e seus seguidores – contra um regime, o de Batista, enfeudado ao imperialismo americano e praticando uma política de entrega do interesse nacional –, de outros aspectos menos gloriosos, ligados à repressão política indefensável contra o direito dos cidadãos cubanos desenvolverem atividades econômicas privadas, de expressar opiniões diferentes das do partido único ou, simplesmente, de emigrarem, de acordo com sua consciência ou vontade própria.
O fato de alguns expoentes da esquerda brasileira terem justificado o julgamento sumário e o fuzilamento de indivíduos – que não eram sequer dissidentes políticos –, simples “candidatos” à emigração, não é apenas indefensável do ponto de vista político, mas é moralmente abjeto e condenável sob todos os critérios. A justificativa se fez, e se faz, a pretexto de “defesa da Revolução”, contra seus inimigos internos e externos, ou seja, os “direitos coletivos” da sociedade cubana – o que quer que isso queira dizer – devem se sobrepor aos direitos individuais dos cidadãos cubanos. Triste posição essa de expoentes da esquerda brasileira, denegando direitos humanos a indivíduos cubanos em nome de uma ideologia e de um movimento político.
A esquerda não pretende negar os direitos do homem e do cidadão, mas ela tende a defender, em primeiro lugar, a soberania dos Estados e, em segundo lugar (e a isso ligado), os direitos coletivos, que podem ser formulados de maneira a anular os direitos individuais.

6. Ela é tristemente populista e popularesca.
Invariavelmente, os textos da esquerda, de natureza cultural ou mesmo política, estão repletos de frases derrogatórias das “elites” e valorizadoras das características do povo e da cultura popular. É de certa forma patético constatar isso, mas tudo o que vem da elite é considerado como intrinsecamente mau, ao passo que o que vem do povo é bom, por definição. Quando esse tipo de discurso vem das hostes da direita, é identificado com o chamado populismo e condenado de uma penada, sem apelação.
As culpas pelo nosso subdesenvolvimento material, as características perversas do modelo social brasileiro, a corrupção e o atraso são inevitavelmente atribuídos às elites e aos seus “500 anos de dominação”. De certa forma, isso encerra o discurso, pois que essas elites não são em geral definidas, nem identificadas em seu perfil próprio a cada época. Basta culpar as elites, elogiar as virtudes do povo e a “análise sociológica” está feita.
A esquerda não consegue perceber que ela também é de elite, ainda que não necessariamente do poder e do dinheiro. Elites sindicais, partidárias e intelectuais são tão elites quanto quaisquer outras, com amplo acesso aos meios de comunicação e,A esquerda é dominante no establishment universitário, nos círculos culturais, nos meios de comunicação e em vários outros ambientes influentes na sociedade brasileira. Ela conforma, portanto, uma elite, no sentido pleno do termo. O fato da esquerda se recusar a ver a si mesma como elite, não lhe retira o caráter de elite, nem de fato, nem de direito. Sua identificação com o povo é meramente retórica, tão ou mais populista do que os discursos da direita que pretende encarnar o “verdadeiro espírito nacional”, geralmente centrista e conservador.

7. Também costuma ser voluntarística e anti-racionalista.
 O voluntarismo, aqui, se refere a uma suposta encarnação da vontade popular, da qual a esquerda pretende deter o monopólio (não se sabe bem se por direito divino).Por outro lado, os movimentos de “esquerda” que foram eleitos tiveram sucesso pelo fato mais prosaico de terem revertido um discurso vazio e uma retórica oca que prometia “grandes mudanças”, em prol de uma abordagem mais realista e cautelosa das políticas macroeconômicas e setoriais.Dentre os cinco exemplos práticos apontados como representando um avanço das idéias da esquerda latino-americana no campo eleitoral, três pelo menos podem ser considerados como excepcionais e não representativos. O Chile emergiu de uma transição cautelosa da ditadura e elegeu, primeiro, um governo democrata-cristão, depois um de cunho socialista que, ambos, voluntariamente ou porque concluíram que não havia outro caminho, praticaram as mesmas políticas econômicas em vigor na fase final da ditadura militar. A Venezuela ainda não se recuperou da grave crise de legitimidade que atingiu seu sistema partidário, totalmente desacreditado politicamente, e enveredou pelo caminho do populismo voluntarista, que só se sustenta economicamente graças à renda petrolífera, um maná do subsolo que representa ao mesmo tempo uma maldição em termos de (baixa) diversificação de sua economia. A Argentina, por fim, mergulhou num verdadeiro abismo econômico, também por incapacidade de suas elites políticas, não apenas “radicais”, mas, sobretudo, peronistas, e tem ainda um largo caminho pela frente para recuperar o terreno perdido em anos de experimentos econômicos mirabolantes.
A rigor, apenas o Brasil e o Uruguai poderiam ser apresentados como exemplos de legítimas transições políticas de “esquerda”, ainda que o conceito seja duvidoso do ponto de vista das políticas econômicas adotadas por seus dirigentes. A retórica social progressista, que conseguiu afastar os tradicionais partidos de centro-direita do poder, ainda não foi capaz de realizar uma verdadeira transformação das estruturas econômicas e sociais e é mesmo duvidoso que intentem fazê-lo, a despeito de afirmações em contrário. Obviamente, o balanço final dos resultados concretos ainda precisa ser feito, sendo cedo para avaliar corretamente essas experiências desses governos de esquerda” do ponto de vista de suas próprias idéias, tal como expostas em programas eleitorais e repetidas em incontáveis discursos nos meios de comunicação.
Em todo caso, abstraindo-se os exemplos da Venezuela e da Argentina, que conformam manifestações agudas de crises gerais de seus sistemas políticos, alimentadas também por crises econômicas mais ou menos profundas, o único modelo de crescimento econômico, de transformação produtiva e de progresso social na região parece ser o do Chile, não por acaso sistemática e sintomaticamente desprezado pelas esquerdas. A razão parece simples: se há um exemplo de país que seguiu, de modo quase religioso, pode-se dizer, as idéias do chamado “consenso de Washington” e as práticas recomendadas pelos neoliberais, este país foi o Chile. Que ele venha experimentando anos e anos de crescimento sustentado, de estabilidade macroeconômica e conhecendo progressos reais, embora modestos, no caminho da elevação dos padrões de vida da população, tudo isso pode ser mera coincidência, mas o exemplo poderia incitar, talvez, os analistas de esquerda a se debruçarem um pouco mais de perto sobre esse modelo “neoliberal” de desenvolvimento econômico e social.
O segundo exemplo, finalmente, de autismo e de anti-racionalismo nas esquerdas é representado pelo chamado movimento altermondialista, que deveria ser chamado, mais apropriadamente, de simplesmente “anti-globalizador”, uma vez que ele recusa de modo peremptório a globalização, mas não conseguiu, ainda, determinar qual seria esse “outro mundo possível”. Não se tem notícia de exemplo mais patético de recusa da realidade, como essa assemblagem de representantes progressistas e de esquerda, reunida sob o emblema do Fórum Social Mundial, que proclama, a cada encontro e de modo estridente, as carências da globalização capitalista, invariavelmente descrita como excludente e concentradora, quando todas as evidências estatísticas e factuais vão de encontro a esses argumentos enviesados.
Um pouco mais de modéstia, ou de simples atenção à realidade, poderia fazê-los constatar que a globalização é eminentemente progressista, que ela retira, sim, milhões de excluídos da miséria mais abjeta, e que seu caráter capitalista não constitui uma marca de opróbrio ou uma maldição, pela simples razão de que o único “modo de produção” que restou nos supermercados da história foi o velho e duro capitalismo, por absoluta inexistência de qualquer modo alternativo de se organizar a produção material e a distribuição de bens e serviços em escala mundial. Relatórios e mais relatórios, estudos empíricos de entidades não suspeitas de colusão ideológica com os capitalistas triunfantes de Wall Street têm demonstrado suficientemente as transformações benéficas – que tendem largamente a superar os impactos negativos – da globalização capitalista, mas isso não parece comover de nenhum modo os antiglobalizadores mais enragés.
Que um “outro mundo” seja possível não é de se descartar, embora isso pareça pouco provável no horizonte histórico previsível, mas os antiglobalizadores podem até fazer um esforço teórico adicional para expor de modo mais concreto sua configuração precisa, em lugar de simplesmente ficar atirando pedras nas vitrines do capitalismo. Que esses antiglobalizadores não gostem do lucro, da acumulação capitalista e até das duras regras de mercado – como também acontece com as “velhas” esquerdas – pode ser compreensível e mesmo esperado em estudantes universitários dotados de indignação juvenil anti-capitalista, mas eles estão geralmente “excluídos” da economia de mercado pela via do trabalho direto (ainda que não deixem de ser consumidores). Que esse tipo de crença seja alimentado também por velhos militantes da esquerda, por sindicalistas experimentados e, mais ainda, por políticos profissionais, aí o caso é bem mais grave, conformando um tipo de autismo que pode ser incurável.
Voilà: encerro por aqui meus comentários sobre a cultura da esquerda, não sem antes lembrar que minha lista não é exaustiva. Existem, por certo, muitos outros “pecados dialéticos” no comportamento, nas atitudes e sobretudo nas “disposições mentais” da esquerda, mas prefiro no momento não comentar essas outras deficiências.
Contento-me, em contrapartida, com apontar o fato de a esquerda valorizar, reconhecidamente, muito mais o ensino universitário do que a educação popular, o que pode contribuir para manter o Brasil nesse estado catatônico de indigência produtiva, dada a baixa qualificação das massas trabalhadoras. Ora, é sabido que a única fonte de riqueza de uma nação é a produtividade do trabalho humano, que no Brasil apresenta índices reduzidos.
Que tal se a esquerda operasse uma “revolução mental” e passasse a defender, de modo resoluto, uma verdadeira “revolução” no ensino público fundamental do Brasil?
                                                                    
                                                                      PIB em queda


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