sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Um caráter duvidoso traduzido pelo jeitinho e a malandragem.Será?

Casos de malversação de nossos impostos, uso indevido da máquina administrativa, redes de clientelas e tantas outras mazelas, a corrupção é tolerada e os cidadãos ficam apenas aguardando qual será o próximo escândalo que circulará nos jornais.
O brasileiro teria então, uma forte inclinação então a desonestidade independente da instrução acadêmica que possua?
Nossa herança histórica deixada pelo mundo ibérico, teria de fato  feito com que o Brasil não conhecesse o processo de racionalização típico do Ocidente germânico e incorporasse, os valores e princípios do mundo protestante, ascético e voltado para uma ética dos deveres e do trabalho?
A herança do patrimonialismo ibérico deixou algumas mazelas na constituição da sociedade brasileira, o que acarretaria, sempre, projetos de ruptura com o passado.
Acredito que, corrupção não está relacionada a aspectos do caráter do brasileiro, mas à constituição de normas informais que institucionalizam certas práticas tidas como moralmente degradantes, mas cotidianamente toleradas.
A corrupção é explicada, no plano da sociedade brasileira, pelo fosso que separa os aspectos morais e valorativos da vida e a cultura política. Isso acarreta uma tolerância à corrupção que está na base da vida democrática do país pós-1985.
A tradição política brasileira não respeita a separação entre o público e o privado, não sendo, o caso brasileiro, um exemplo de Estado moderno legitimado por normas impessoais e racionais.
O patrimonialismo é a mazela da construção da República, de maneira que ele não promoveria a separação entre os meios de administração ( nossos impostos ) e os funcionários e governantes, fazendo com que esses tenham acesso privilegiado para a exploração de suas posições e cargos. Dado o patrimonialismo inerente à construção da cena pública brasileira, a corrupção é um tipo de prática cotidiana, chegando mesmo a ser legitimada e explícita no âmbito de uma tradição estamental e tradicional herdada do mundo ibérico.
O patrimonialismo, nosso vício de origem, é fruto de um Estado que intervém na sociedade ( usando nossos impostos para privilegiar amigos do governo) e coordena e comanda, pelo alto, a exploração do mundo produtivo e mercantil. 
A sociedade ibérica subordinou-se ao Estado, de modo que em Portugal formou-se um absolutismo precoce, que alojou os estamentos da sociedade nos órgãos da burocracia. O estamento burocrático do mundo ibérico comportava-se como proprietário da soberania, criando um sistema de exploração e dominação que se reproduziu como marca fundamental de nossa tradição política por meio de uma corrupção sistêmica
No Brasil é o resultado de uma relação entre Estado e sociedade em que o primeiro oprime a segunda pela reprodução de um sistema de privilégios e prebendas, ( onde não entra a meritocracia) destinadas aos estamentos alojados na burocracia estatal. Esse estamento burocrático coordena e administra o Estado sem conhecer regras impessoais e racionais, que separem os meios de administração e a função burocrática propriamente dita. O resultado do patrimonialismo é que a corrupção faz parte de um cotidiano de nossa constituição histórica. O clientelismo, a patronagem, o patriarcalismo e o nepotismo constituem tipos de relação do Estado com a sociedade em que a corrupção é a marca fundamental; afinal, à sociedade nada resta senão buscar o acesso aos privilégios ( morder nossos impostos ) do estamento burocrático mediante a compra de cargos públicos e títulos de honraria, favores da burocracia e a participação no erário do Estado.
Vejamos aqui algumas destas aberrações:

Dez milhões de brasileiros isso mesmo o que você está lendo se preparam para disputar uma das 80 mil vagas de cargos públicos no Brasil, seu principal sonho é realizar um bom trabalho para a sociedade ? não, seu principal objetivo é  "O sonho da estabilidade" O que vigora por aqui é a ideologia concurseira.

O concurso público hoje é uma máquina de exclusão social, e não de inclusão. Esse sistema é voltado para quem tem tempo e dinheiro ( ou seja ao invés dos papais e mamães da classe média alta e alta formarem empreendedores ) pagam um bom cursinho. Pra quem pode pagar um bom colégio, que já no ensino médio ministra disciplinas para preparar o seu filho para os concursos da administração pública. Esse é um dos reflexos perversos da ideologia concurseira (...) É uma máquina de injustiça social.
                                                                         

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