quinta-feira, 17 de setembro de 2015

A irmandade bolivariana do fracasso-Brasil,Venezuela,Equador,Bolívia,Nicarágua e Argentina



                                                                      


Até pouco tempo atrás, talvez apenas alguns dias, a grande irmandade bolivariana, formada por Venezuela, Equador e Bolívia e reforçada por Nicarágua e Argentina, provocava suspiros de admiração e solidariedade de petistas, simpatizantes e afins. Provavelmente, a grande maioria dos militantes do PT e dos nanopartidos de extrema esquerda que lhe dão suporte ainda vê o ex-presidente venezuelano Hugo Chávez – que lançou as bases da doutrina, marcada por um socialismo retrógrado,  restrições à liberdade de imprensa, um antiamericanismo tosco e um apoio incondicional à ditadura cubana como o Grande Timoneiro de la revolución na América Latina no século XXI.

Essa mentalidade ultrapassada, abandonada na maior parte do mundo com a queda do Muro de Berlim, em 1989, e o fim da União Soviética, em 1991, foi retratada com fina ironia pelo escritor Carlos Alberto Montaner gênio– um exilado cubano que vive entre a Espanha e os Estados Unidos – em seu livro O manual do perfeito idiota latino-americano (Ed. Bertrand Brasil), escrito em conjunto com o colombiano Plínio Apuleyo Mendoza e o peruano Álvaro Vargas Llosa, filho do escritor Mario Vargas Llosa 

De repente, não mais que de repente, um número crescente de petistas e de seus aliados passou a se mostrar incomodado, ao menos publicamente, com o rótulo de “bolivariano”, atribuído por representantes da oposição aos governos do PT.  Esse grupo, embora minoritário, tem procurado distanciar a obra de Dilma e de Lula do regime de Chávez e de seus congêneres sul-americanos, para surpresa de todos aqueles que observam a estreita ligação cultivada pelo PT e seus caciques com o eixo bolivariano desde que o partido assumiu o poder no país. Sob a alegação de que os governos de Dilma e Lula não tiveram qualquer semelhança com o regime de Chávez e Nicolás Maduro, seu sucessor, eles afirmam ser um “equívoco” chamar as gestões petistas de bolivarianas. Até na mídia apetralhada, começaram a pipocar artigos nos últimos dias procurando demonstrar que essa tese faz sentido.

Talvez, a rigor, os governos de Lula e Dilma não tenham mesmo sido bolivarianos, se comparados com os regimes da Venezuela e de seus parceiros da “tríplice aliança” andina – o Equador e a Bolívia. Mas, se o Brasil não se converteu numa republiqueta bolivariana nos 12 anos de governo petista, isso se deve, em boa medida, às sólidas instituições do país apesar de uma oposição medíocre e acovardada. Temos um Judiciário (até agora) independente do Poder Executivo e um Congresso que, apesar de todas as suas mazelas, não se curva aos pendores autoritários dos governos petistas.  Daqui para frente, por tudo o que se viu durante a campanha eleitoral, é de se esperar que haverá também uma oposição aguerrida? para fiscalizar as ações bolivarianas de Dilma e do PT. Ela inclui não apenas os políticos, mas também uma parcela significativa da sociedade, cansada da bandalheira e dos descaminhos do país, que deu a Aécio uma votação estrondosa de 51 milhões de votos.que só não ganhou primeiro pela covardia do mesmo segundo porque houve fraude.

Não é por acaso que o PT e os governos do partido são chamados de bolivarianos.  Não é só por  paranoia da “elite branca de olhos azuis”. Sobram indícios preocupantes do bolivarianismo petista nas políticas e nas propostas feitas por Lula e Dilma em seus governos. Do projeto de “regulação social” da mídia, curiosamente defendido por sindicatos e associações de jornalistas, que deveriam ser os primeiros a defender a liberdade de imprensa, aos conselhos populares que pretendem enfraquecer o Congresso e estabelecer uma democracia direta no país, sob o comando de organizações alinhadas ao PT e a seus parceiros, não faltam iniciativas que mereçam ser chamadas de bolivarianas – e com letras maiúsculas.  Não seria exagero dizer, com base nas ações tomadas desde a posse de Lula, em 2003, que o PT traz em seu gene um DNA bolivariano.

Para quem tem dúvida desse vínculo genético, eis alguns exemplos de projetos e ações de viés bolivariano dos governos de Dilma e Lula, inclusive na política externa:

• o decreto que criou os "conselhos populares", determinando que os órgãos oficiais viabilizassem a “participação popular como método de governo" (derrubado na semana passada na Câmara Federal e agora aguardando votação no Senado);

• a proposta de um plebiscito e da formação de uma Constituinte para realizar uma reforma política;

• o projeto de “regulação social” dos meios de comunicação, cujo objetivo, na verdade, é restringir o direito de expressão dos veículos que não são favoráveis ao governo;

• o aparelhamento de órgãos da administração direta e de estatais por membros do PT e o uso escancarado da máquina pública em defesa da candidatura de Dilma na campanha, como nos casos da propaganda eleitoral de Aécio que não foi entregue pelos Correios em Minas e do uso criminoso do cadastro de beneficiários do Bolsa Família para envio de mensagens vinculando o candidato do PSDB ao fim do programa;

• a crítica da ação armada dos Estados Unidos e de outros países contra o “Estado Islâmico” (EI), uma das mais sanguinárias organizações terroristas do mundo, na Assembleia Geral da ONU;

• a hospedagem oficial do ditador de Cuba, Raúl Castro, no Palácio da Alvorada, durante um encontro de chefes de Estado em Brasília. Dilma ainda permitiu que o Alvorada fosse transformado em sala de despachos do líder cubano, que recebeu Maduro para uma conversa reservada;

• a indefinição sobre asilo ao político boliviano Roger Pinto Molina, um dos principais opositores do regime de Evo Morales, que acabou fugindo da Bolívia para o Brasil com o apoio de um diplomata brasileiro, depois de ficar abrigado na Embaixada  brasileira em La Paz por mais de um ano;

• a suspensão do Paraguai do Mercosul sob a alegação de que o impeachment do companheiro Fernando Lugo, ex-presidente do país, foi um "golpe", embora efetuado de acordo com as normas constitucionais do país. Durante a suspensão do Paraguai, que era contra a entrada da Venezuela no Mercosul, o Brasil manobrou para aprovar o ingresso do país hermano na calada da noite;

• o apoio não declarado às milícias do PT e de outros partidos de esquerda que impediram de forma truculenta a blogueira cubana Yoani Sanchéz de dar palestras no país;

• a concessão de asilo político ao ex-terrorista italiano, Cesare Battisti, condenado na Itália pelo envolvimento em, quatro homicídios;

• o perdão de uma dívida de US$ 53 milhões da Bolívia com a Petrobras, em  prejuízo do país e dos milhões de acionista minoritários da empresa no Brasil e no exterior;

• a realização de uma parceria com Hugo Chávez para construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, contrariando pareceres técnicos da Petrobras. A Venezuela jamais aportou os recursos acordados e o Brasil teve de arcar sozinho com o custo da obra, sobre a qual pairam suspeitas de um superfaturamento de R$ 243 milhões; 

• a prisão e entrega criminosa de dois pugilistas cubanos que pediram asilo no Brasil durante os Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007 à ditadura dos irmãos Castro.

Está bom ou quer mais?
                                                                        

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