quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Portugal, seus vícios que nos contaminaram.



Lula o símio de Garanhuns disse que nossas mazelas são herança dos portugueses, vamos ver:

A ditadura acabou há 40 anos, mas os mitos associados ao Estado estão em todo o lado. No trabalho, onde ainda há subserviência ao patrão. Em casa, onde o papel da mulher se mantém predominantemente ligado à família. Na passividade perante a sociedade civil ou até na desconfiança face ao Estado. Os traumas não foram suficientemente estudados para se tirarem conclusões definitivas, avisam os especialistas. Mas é natural que resistam marcas, explica o psicólogo social Luís Reto. Desde logo, a ditadura durou quatro décadas. Tempo de sobra para que se tenha enraizado, através da repressão directa ou indirecta, um conjunto de valores, normas e crenças. "E as mudanças culturais demoram gerações a fazer-se", explica o especialista.
O Estado deixou legados e tanto sociólogos como historiadores ou psicólogos consideram que boa parte dessa herança ainda vive nos hábitos dos portugueses. A começar pela passividade e pelo distanciamento em relação à política. António Costa Pinto, politólogo, recorda que a ditadura portuguesa, ao contrário de outros sistemas como o do fascismo italiano, assentou numa lógica de "antimobilização da população". O "ajuntamento" e a intromissão nos assuntos da política não eram vistos com bons olhos.
A historiadora Irene Pimentel defende, por outro lado, que muitos portugueses continuam a esperar "que as soluções venham de cima". Esse é, aliás, um traço comum nas relações de trabalho, acrescenta Luís Reto: "Quando há um problema, fala-se com o chefe, que o há-de solucionar." O que conduz a outra característica comum à ditadura: a subserviência ao patrão. "Uma boa parte dos portugueses é pouco autónoma e obedece só por obedecer, sem fundamento racional e com medo de falhar, de tomar a decisão errada e ser apontado", acredita o sociólogo, defendendo que falta às empresas cultura de mérito, talvez consequência do antigo regime, profundamente elitista e avesso à mobilidade social.
Nem a política atual, avisa o psiquiatra Pedro Afonso, é imune aos vestígios do passado: "O uso recorrente de mentiras é talvez um dos maiores resquícios dos candidatos, pois há uma manipulação da percepção da realidade." E ainda se nota grande dificuldade, na sociedade e nos partidos, em compreender que a democracia é "o resultado do conflito institucionalizado", diz António Costa Pinto, acrescentando que os agentes políticos ainda tentam andar alinhados.
Os portugueses habituaram-se também a não confiar e a desacreditar no Estado, na justiça e até nos que lhe são mais próximos. O medo dos delatores foram "experiências traumáticas" que deixaram nos portugueses "um lado de queixinhas, do fazer as coisas às escondidas para derrubar o adversário", diz Irene Pimentel. Sobreviveram outros medos, como o de pensar e fazer diferente da maioria. "E de arriscar", acrescenta o historiador João Madeira. "Posso até ter um emprego precário, mas tenho pavor de o perder e vivo numa lógica de defesa passiva", exemplifica.
Mantêm-se também alguns mitos em relação ao sexo, à família e ao papel da mulher. Isabel Dias, socióloga, defende que ainda somos conservadores e recorda como ainda persistem na justiça portuguesa "representações da mulher enquanto figura com um papel mais ligado à família". E discriminação nos postos de chefia. Isabel Freire, autora do livro "O Amor e o Sexo no Tempo de Salazar", recorda como é difícil ter uma opção sexual diferente da maioria ou ser simplesmente mãe solteira em alguns contextos socioculturais ou geográficos.
"Em muitas famílias e com muitos casais, o que se espera do homem e da mulher continua a obedecer a velhas lógicas, embora menos assumidas e disfarçadas", diz a doutoranda em Sociologia no Instituto de Ciências Sociais de Lisboa: "A mulher emancipou-se, apostou na carreira, ganha o seu dinheiro, mas continua muito circunscrita às responsabilidades da casa e dos filhos e sobrecarregada."
Passividade. Agarrem-me senão vou lá
Os portugueses vivem na lógica do “travem-me, senão não sei o que faço”. As queixas são muitas, mas a ação é pouca. “Basta comparar a reação dos gregos com a nossa face às medidas de austeridade”, diz o historiador João Madeira. Durante 40 anos, os portugueses não tiveram liberdade para se reunir ou debater ideias. Faziam-no a medo e num círculo reservado. Um contexto não muito diferente do das queixinhas no café que depois não se traduzem em qualquer participação cívica.
Medo. O pavor de arriscar
No Estado Novo cultivava-se a obediência, a autoridade e a cultura do não conflito. Muito por culpa desses 41 anos, os portugueses continuam a ter medo de tomar decisões. “Esperamos que as soluções venham de cima”, sintetiza a historiadora Irene Pimentel. E também temos medo de arriscar. “Posso até ter um emprego precário, mas tenho muito medo de o perder, numa lógica de defesa passiva”, exemplifica João Madeira.
Corrupção. Do clientelismo à mentira
Do Estado Novo, elitista, poderá ter permanecido o vício do clientelismo político. Mas António Costa Pinto ressalva que essa é uma característica anterior à ditadura e que foi apenas confirmada nesse período. O psiquiatra Pedro Afonso associa o “uso recorrente de mentiras na vida política” aos resquícios do regime , bem como
a impunidade de alguns políticos que gerem dinheiros públicos com despesismo”.
Apatia política. Os partidos não resolvem
O Estado Novo não via com bons olhos a intromissão na política e os partidos eram representados como negativos, o que contribuiu para nos desinteressarmos pelo tema. Porém, e apesar de apáticos, exigimos dos líderes políticos uma imagem de perfeição. “Criou-se uma idealização excessiva do líder, o que tem contribuído para nos afastar dos ideais da democracia”, defende o psiquiatra Pedro Afonso.
Meritocracia. Sem talento nem competência
Subir na carreira à conta de talento e competência continua a ser difícil nos dias de hoje. “A meritocracia ainda não é dominante em todas as empresas e no próprio Estado”, defende o psicólogo social Luís Reto. É aliás mais uma das pesadas heranças
da ditadura, conta o politólogo António Costa Pinto: “O Estado Novo foi profundamente elitista e consagrava o elitismo social e político.
Subserviência. Obediência cega ao patrão
Durante décadas, a sociedade foi eminentemente rural e a subserviência marcou o quotidiano dos portugueses. Hoje continuamos a obedecer cegamente, especialmente em contexto laboral. “Há falta de autonomia e um problema com a responsabilidade”, diz o psicólogo social Luís Reto. Ou seja, “obedecer por obedecer, sem racionalidade e sem saber porque se obedece”. Apenas com medo de falhar e de dizer não.
Machismo. A persistência dos estereótipos
A desigualdade de género continua a ser uma questão invisível na sociedade. Na publicidade continuam a espelhar-se lógicas conservadoras e, em boa parte dos casais, o que se espera do homem e da mulher obedece a estereótipos, embora disfarçados, diz Isabel Freire.
A mulher emancipou-se na carreira, mas continua “circunscrita às responsabilidades da casa e dos filhos”. Até na justiça, acrescenta a socióloga Isabel Dias, a representação da mulher está ligada à família.
Desconfiança. Descrença no Estado e na justiça
Todos os estudos referem que os portugueses não confiam no Estado nem na justiça. Desilusão em relação à democracia ou resquícios do Estado Novo. De uma maneira geral somos desconfiados. “E temos um lado de queixinhas, fazemos coisas às escondidas”, diz a historiadora.

Alguma dúvida do porque Portugal esta entre os paises mais atrasados da UE ou precisamos desenhar?

"A confiança interpessoal, a obediência às leis e a confiança nas instituições são consideradas componentes centrais de um padrão cultural democrático. Vários autores sustentam que há uma relação direta e positiva entre valores políticos de massa, como os mencionados acima, e a estabilidade dos regimes democráticos" 
                Uma breve análise das dos portugueses dentro da UE, vale a pena ouvir. 
                                                         

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