Por Que os Juros São Altos no Brasil? porque brasileiro gosta de Estado.
Quando a SELIC cai, as
outras taxas de juros caem numa proporção muito menor. Ou seja, a SELIC praticamente pouco
influencia as outras taxas de juros da economia, que são as que realmente
importam. Por que isso ocorre?
Existem várias explicações, porém as mais plausíveis são:
1) Pouca concorrência no setor bancário. As regulamentações criadas pelo próprio Banco
Central impedem o fácil estabelecimento de novas redes bancárias, que trariam
mais concorrência para os grandes bancos já estabelecidos. Como todo cartel, o sistema bancário também é
um cartel que se sustenta apenas por causa do estado. Os bancos, ao contrário do que se diz, adoram
ser controlados e regulados pelo Banco Central, pois é este quem lhes protege
de qualquer possibilidade de concorrência.
2) Judiciário leniente com o devedor. No Brasil parece valer a máxima "devo,
não pago; nego enquanto puder". O
calote virou uma instituição protegida judicialmente, pois aqui se segue a
filosofia marxista de que o credor é um ente espoliativo e malvado e o devedor
é o coitado desinformado que contraiu uma dívida involuntariamente. Sendo assim, por uma questão de 'justiça
social', deve-se manter o credor despido de suas posses e o devedor no pleno
gozo delas. Parece que é preciso ter um
Ph.D em sociologia para não perceber que esse arranjo corresponde a um roubo,
pura e simplesmente. A solução mais
prática e viável - e que justamente por isso ninguém quer adotar - é permitir a
alienação fiduciária (ou reintegração de posse) em todas as modalidades de empréstimos. Atualmente ela existe para o financiamento de
carros. E, não por coincidência,
trata-se um mercado em que juros são dos mais baixos. Não é algo difícil de entender. Se A empresta seu dinheiro (sua propriedade)
para B, que utiliza esse dinheiro para comprar um apartamento e não devolve a A
o valor combinado, então B roubou A. E
se o apartamento comprado por B foi comprado com a propriedade de A, então A é
o dono legal desse apartamento. A tem o
direito de tomá-lo quando quiser. E é
isso que a justiça brasileira não permite.
Munido de um bom advogado, B pode tranquilamente usufruir uma boa
cobertura em Ipanema utilizando a propriedade de A - tudo em nome da justiça
social.
(Nos EUA existe a profissão do Repo Man, que é o sujeito
contratado para reaver os bens não pagos.
Esse vídeo mostra um Repo Man em ação, recuperando um carro cujo
empréstimo não foi pago. O vídeo é de
fato violento, mas é preciso ter em mente que o carro não era legalmente da
mulher, pois ela não pagou por ele.
Logo, era a mulher a ladra da história).
3) Governo ou Estado. O maior
devedor da economia brasileiro é o estado.
Como ele não consegue financiar todas as suas atividades meramente por
meio da arrecadação de impostos, ele precisa recorrer aos empréstimos
bancários. (No primeiro artigo
explicamos o processo de lançamento de títulos pelo Tesouro). E como o Tesouro faz isso com constância, os
bancos direcionam boa parte do depósito de seus clientes para a compra desses
títulos. Logo, o dinheiro que poderia ir
para o setor produtivo na forma de crédito, acaba sendo sugado para o setor não
produtivo na forma de empréstimos que serão pagos via impostos ou via mais
empréstimos. Ou seja: o governo se
endivida para pagar dívidas antigas (o que se chama 'rolar a dívida'). Com um estado tão inchado e glutão, é realmente
difícil sobrar dinheiro para o setor produtivo da economia. O pouco que sobra é encarecido tanto pela lei
da oferta e demanda quanto pelos dois itens acima. Aí fica difícil.
Ah, sim, meus caros,se não existissem títulos públicos, isto é, se o governo não se
endividasse, não haveria como o Banco Central fazer política monetária. Não haveria como o Banco Central estipular
juros. Não haveria como o Banco Central
planejar a economia. Os bancos
comerciais teriam de concorrer entre si para fornecer empréstimos ao setor
produtivo da economia. Somente assim
eles conseguiriam obter algum lucro.
Atualmente eles não precisam recorrer a essa faina inglória, pois podem
apenas aplicar em títulos públicos (100% seguros, garantidos pelo governo) e
acender o charuto. Os juros para pessoas
físicas e jurídicas inevitavelmente seriam menores. Haveria, enfim, um genuíno livre mercado.
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