Típico dos tupinambás adestrados do país tenho
a convicção de que o Globo terceirizara a culpa, pelo seu rebaixamento para a crise internacional
“Instabilidade
na economia brasileira faz nota da Globo baixar”: seria mais ou menos esta a
manchete.
E
seria a linha seguida pelos comentaristas econômicos da casa, de Míriam Leitão
a Sardenberg.empregados adestrados que são tem que falar isso mesmo
A
Globo foi vítima, portanto? E os diplomados diretores não tem culpa?
Tudo
bem, não fosse isso um sensacional autoengano.
Não
que a turbulência do momento na economia não possa ter tido algum peso. Mas o
grande fator do rebaixamento está na própria Globo.
A
Globo opera num setor — a mídia — que passa por um processo que vai além de
transformação. Estamos diante de uma disrupção. Ou, para usar um célebre
conceito de Schumpeter, presenciamos na mídia uma “destruição criativa”.
Morre
um mundo, aquele em que a Globo parecia inexpugnável, e ergue-se outro em que a
empresa é mais um na multidão.
A
internet está fazendo com as companhias tradicionais de jornalismo o que os
automóveis fizeram com as carruagens há pouco mais de cem anos.
Sabia-se,
faz tempo, que a mídia impressa estava frita. Mas se imaginava que a televisão
poderia escapar da internet. Não. Os sinais são claros de que o destino da tevê
como a conhecemos — aberta ou paga — é o mesmo de jornais e revistas.
A
internet está engolindo a televisão. Em seus tablets ou celulares, as pessoas
vêm vídeos como querem, na hora em que querem — e sem precisar de emissoras de
tevê.
A
Reuters acaba de lançar um serviço de vídeo cujo slogan diz tudo: “O canal de
notícias para quem não vê mais televisão”.
Bem-vindo
ao Novo Mundo.
Nele,
os protagonistas serão empresas como Netflix, e não Globo ou qualquer outra
emissora.
Como
esquecer um depoimento recente de Silvio Santos, ao vivo, no qual ele disse não
ver televisão? SS afirmou que gasta seu tempo com a Netflix, e recomendou aos
espectadores que fizessem o mesmo.
Quanto
tempo até os anunciantes fazerem, no Brasil, o mesmo percurso dos consumidores
e irem para a internet?
No
Reino Unido, a internet em 2015 responderá por metade do bolo publicitário. No
Brasil, o pedaço digital está ainda na casa dos 15%.
Todas
as audiências da Globo, do jornalismo às novelas, despencam sob o impacto da
internet.
O
Jornal Nacional se esforça para não cair abaixo dos 20 pontos, e novelas em
horário nobre, como Babilônia, descem a abismos jamais vistos na história da
emissora.
O
público se retirou, e quando os anunciantes fizerem o mesmo, o que afinal é
inevitável, a Globo estará em apuros sérios, como é o caso, hoje, da Abril.
Na
internet, a Globo jamais conseguirá reproduzir a dominância que tem na tevê — e
muito menos os padrões multimilionários de receitas publicitárias.
Tudo
isso pesou na avaliação da S&P.
A
Globo tenderá a justificar seu rebaixamento colocando a culpa em Dilma, mas o
problema está nela mesma.
Sobra
a piada que a Globo usou contra Dilma.
Dilma
é culpada de muita coisa mais pelo rebaixamento desta empresa não.
As Organizações Globo ( o crack mental do povo brasileiro) tem este nível.
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