Esse capitalismo de quadrilhas, comparsas, gangues, máfias, laços ou companheiros, assume variadas vestimentas ideológicas no Brasil mais um dos sintomas de nosso atraso como civilização."
Ex-presidente do Banco Central (1997-1998) no governo de
Fernando Henrique Cardoso e sócio da Rio Bravo Investimentos, o economista
Gustavo Franco vê a crise econômica como consequência de o governo ter feito
“absolutamente tudo errado” nos últimos anos. Se feito a fundo, o ajuste fiscal
não terá como poupar nem mesmo programas de transferência de renda. “Tem de ter
espírito livre para analisar o todo.” Segundo o economista, tanto o governo
quanto o Congresso se escondem da responsabilidade de fazer escolhas para ter
um Orçamento equilibrado, jogando a responsabilidade sobre o ministro da
Fazenda, Joaquim Levy. Franco também atribui a crise à corrupção e ao que chama
de “capitalismo de quadrilha”. Para ele, o modelo econômico apoiado em um
Estado gastador se transformou “em veneno”.
Qual foi a origem da crise e como ela contribuiu com
a piora das contas públicas?
Gustavo Franco – Não há uma causa simples. De forma ampla, é
a falência de um modelo de política econômica que prevaleceu a partir de 2008 e
que é mãe de todos esses males. A crise nas contas públicas tem a ver com
corrupção, com o capitalismo de compadrio, que prefiro chamar de capitalismo de
quadrilha. É como se as autoridades quisessem confrontar cada pressuposto de
boa política econômica. Parecem estar tentando nos convencer, o tempo todo, que
o capitalismo não funciona. Obviamente, isso fracassou.
Há desenvolvimentistas que defendem que se aumentem
agora o gasto e o investimento público, a fim de acelerar a economia. Isso
voltaria na forma de arrecadação. Essa receita funcionaria em algum momento?
Funcionaria agora?
Franco – Há situações na economia em que o aumento de gasto
público é um remédio, e outras em que é veneno, como agora. Algumas pessoas
repetem esse samba de uma nota só. É uma tolice. O único remédio que eles sabem
usar foi utilizado em excesso e agora virou tóxico.
É possível consertar o tripé econômico baseado em
metas de inflação, rigor fiscal e câmbio flutuante?
Franco – Dá para consertar. Nada condena o Brasil a dar
errado, mas também nada nos condena a dar certo. O que ocorreu foi que o governo
fez tudo errado a partir de 2008, absolutamente tudo, e estamos pagando o preço
disso.
A inflação deve chegar ao fim de 2015 em 9%, o dobro
do centro da meta. Por que ela resiste num nível tão alto, mesmo com juros elevados
e recessão?
Franco – A perda do poder de compra da moeda é reflexo também
da conjuntura ruim. Se não fosse a explosão na taxa de câmbio, talvez o número
fosse menor. Mas a inflação reflete uma percepção mais ampla sobre o crédito
público, sobre a credibilidade do governo de tomar dinheiro emprestado e de sua
sustentabilidade financeira. É fácil ver que o crédito público só fez piorar.
"Se o barco afundar, vai
faltar boia para todo mundo"
Como é possível aprovar as medidas necessárias ao
ajuste fiscal diante da crise política? A presidente conseguirá retomar esse
protagonismo?
Franco – Acho difícil. Os temas políticos centrais são o
impeachment da presidente da República e a situação do presidente da Câmara. A
política paralisou a capacidade do Brasil de tomar decisões, e isso aumenta
qualquer crise. Nossa baixa capacidade de lidar com a crise é incompatível com
o tamanho do desafio. É um paramédico na calçada tratando de paciente com
doença grave. Evita o óbito, mas não resolve nada. Será uma lástima termos mais
três anos de atraso.
"A Petrobras privatiza, tenta reduzir a dívida, corta
custos. Por que o governo não faz o mesmo?"
Diante do desgaste, o que o ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, pode fazer para contribuir com a saída da crise?
Franco – Pouco. Propostas como a recriação da CPMF revelam
que as pretensões são modestas.Não há espaço para a formulação, nem
coordenação política para oferecer alguma coisa que reduza despesas ou a dívida
pública, ou ainda privatizar. Ele tem papel de racionalidade, em uma equipe que
não tem nenhuma. Seu colega ministro do Planejamento (Nelson Barbosa) é o mesmo
das pedaladas ( fraudes contábeis na esfera pública), de tudo o que deu errado.
Quais as consequências, para a economia, do
antagonismo entre Barbosa e Levy?
Franco – No passado, muitos presidentes tiveram um (ministro)
gastador e outro controlador Um prevalece, mas o outro é uma espécie de consciência
crítica. Há também o fato de Barbosa permanecer para conduzir a defesa das
pedaladas fiscais, no Congresso. A presidente não pode abandonar essa culpa,
então está lá o Barbosa, por uma segunda razão.
Antonio Delfim Netto: “A Dilma tem de montar seu
governo de novo”
A fritura de Levy pelo PT piora a crise?
Franco – O PT frita até seus próprios líderes. Neste momento
em que é preciso uma autocrítica do que deu errado – a conversa de política
anticíclica e de nova matriz econômica, que é o modelo econômico deles –, eles se
contorcem para fazer com que a culpa seja do Levy, que acabou de chegar.
Se o Levy deixar o governo, o que o senhor acha que
deve acontecer?
Franco – É grande o risco de outras agências de risco tirarem
o grau de investimento do Brasil, assim como fez a Standard & Poor’s.
Faltou percepção política à presidente de que o Levy tinha de crescer e ocupar
novos espaços no governo.
E se o Barbosa suceder a Levy?
Franco – Se o líder da política econômica for de perfil
gastador, sem um ortodoxo na equipe, voltaremos à era Mantega. A queda do
ministro e sua substituição por alguém de perfil diferente vai repercutir
negativamente nos mercados.
Joaquim Levy, o ministro rebaixado
Se reformas avançarem no Congresso e o ajuste for
concluído, em quanto tempo se retoma o crescimento?
Franco – Desde que o Brasil venceu a hiperinflação, há 20
anos, estamos nessa conversa. A urgência de combatê-la trouxe impulso político
para importantes reformas na economia. Quando Lula assumiu ( com o apoio de um eleitora desinformado e inconsequente), foi decretado o fim
das reformas. Foi um erro, porque, tal como nas empresas, os países precisam de
constante esforço de inovação. Dá certo cansaço olhar o tempo que se perdeu.
Talvez a crise seja o impulso que faltava. Mas não tem botão a apertar.
Precisamos de um plano completo de coisas a reformar, com problemas difíceis
que precisam de soluções difíceis. É o que falta. Já que vai ter uma Emenda
Constitucional para a CPMF, por que não é possível fazer outra coisa do lado da
despesa? Não consigo entender como, num Orçamento de R$ 1,2 trilhão, não se
consiga cortar R$ 50 bilhões.
É possível ajustar as contas sem rever os gastos
sociais e programas de transferência?
Franco – É preciso ter espírito livre para olhar tudo. Nada é
incortável. Se o país não encarar isso de frente, vamos continuar num ambiente
de paralisia, em que a inflação ou a dívida vão explodir. Chegamos à situação
em que todos os itens do Orçamento são legítimos, só que isso soma algo acima
da receita. Vai pegar programas sociais? Seguramente. Quando não se tem
dinheiro nem capacidade de endividamento, tem de cortar. A sociedade deve se
organizar para ter Orçamento equilibrado, transparente. A democracia é tão mais
sólida economicamente quanto mais avançada forem suas instituições
orçamentárias, inclusive para escolher prioridades.
>> A conta vai sobrar para você de novo
Qual é a participação da crise da Petrobras nos
problemas econômicos do país?
Franco – Aquilo é uma miniatura do Brasil com todos os
vícios: arrogância, omissão, irresponsabilidade, corrupção, megalomania. O
endividamento cresceu, a perda de valor foi de US$ 200 bilhões. Cada centavo
disso é culpa de Dilma e Lula. A empresa confessou em balanço auditado ter
pagado R$ 6 bilhões em propina. Isso não está desligado do modus operandi da
política econômica. Ela também está mostrando o caminho, fazendo privatização,
tentando reduzir sua dívida, cortando custo. Por que o governo não faz o mesmo?
O senhor, como gestor de ativos, vê boas
oportunidades de investimento no Brasil?
Franco – Existe um acervo de possibilidades em
infraestrutura. O governo afasta o investidor ao impor restrições regulatórias
ou regras hostis à rentabilidade, como se fosse proibido ganhar dinheiro. É
preciso rever essa postura.
Em primeira mão, cortesia do autor Leandro Narloch e da editora Leya, segue um trecho bem interessante do novo livro da série Guia Politicamente Incorreto. Uma pesquisa interessante foi realizada com nossos deputados, para ilustrar a tese de Jonah Goldberg, de que o fascismo, tão utilizado na boca de esquerdistas, tem cores alinhadas com… a própria esquerda! Não custa lembrar que o próprio Mussolini foi socialista antes de se tornar fascista.
Enfim, eu ainda não tive a oportunidade de ler o novo livro, Tenho certeza de que esse não irá decepcionar. O texto abaixo comprova isso:
No livro Fascismo de esquerda, o ensaísta americano Jonah Goldberg defende que os princípios do ditador italiano Benito Mussolini seguem presentes em protestos, discussões políticas e ações dos governos. Goldberg não se refere à influência de skinheads neonazistas, mas de um fascismo “do bem”, suave, com uma roupagem sustentável e bem-intencionada.
Grupos desse tipo manteriam a essência da ideologia: o impulso de calar liberdades individuais em nome da justiça social, da saúde pública ou de outro bem comum desenhado por técnicos e especialistas. Os políticos à esquerda, justamente os que mais costumam colar o adjetivo “fascista” na testa dos outros, seriam os principais adeptos dessa nova expressão da ideologia.
Para Goldberg, isso acontece porque eles nutrem uma crença maior nos direitos e poderes do estado. “O que os une são seus impulsos emocionais ou instintivos, tais como a busca pelo ‘comunitário’, a exortação para se ir ‘além’ da política, uma fé na perfectibilidade do homem e na autoridade dos especialistas e uma obsessão com a estética da juventude, o culto da ação e a necessidade de um estado todo-poderoso para coordenar a sociedade no plano nacional ou global”, diz o Goldberg.
É preciso ter cuidado ao chamar as pessoas de fascistas. Enquadrar o adversário numa categoria abjeta é uma tática rasteira para se ganhar uma discussão. É tão comum que deu origem à “lei de Godwin”, segundo a qual “à medida que cresce uma discussão online, a probabilidade de surgir uma comparação envolvendo Adolf Hitler ou nazismo aproxima-se de 100%”.
O termo “fascista”, do mesmo modo, perdeu seu significado – é usado à esquerda e à direita com o sentido de “herege”, “monstro”, “horrível” ou simplesmente “alguém que não concorda comigo”. Ao descrever esse costume, o ensaísta Jonah Goldberg corre o risco de cair na própria armadilha – afinal ele também aponta o fascismo nas pessoas de quem discorda.
Qem são, afinal, os mais favoráveis ao fascismo hoje em dia. O economista Rodrigo Constantino resolveu perguntar aos próprios políticos brasileiros o que eles achavam de alguns pensamentos de Mussolini. Consultou A Doutrina do Fascismo, o manual ideológico publicado em 1932 pelo ditador italiano e seu filósofo de plantão, Giovanni Gentile, e tirou dali cinco frases que, mesmo fora de contexto, expressam o pensamento totalitário. Omitiu referências à Itália e ao fascismo e expos as cinco afirmações à avaliação de 60 deputados federais em Brasília – sem contar para eles, é claro, que as frases vinham do livro-base do ditador italiano.
As frases são as seguintes:
1) Um homem se torna um homem apenas em virtude de sua contribuição à família, à sociedade e à nação. [ii]
2) Como um anti-individualista, acredito numa concepção de vida que destaca a importância do estado e aceita o indivíduo apenas quando seus interesses coincidem com os do estado.[iii]
3) O estado deve abranger tudo: fora dele valores espirituais ou humanos têm pouco valor.[iv]
4) O estado deve ser não apenas um criador de leis e instituições, mas um educador e provedor de vida espiritual. Deve ter como objetivo reformular não apenas a vida mas o seu conteúdo – o homem, sua personalidade, sua fé.[v]
5) O estado deve educar os cidadãos à civilidade, torná-los conscientes de sua missão social, exortá-los à união; deve harmonizar interesses divergentes, transmitir às futuras gerações as conquistas da mente e da ciência, da arte, da lei e da solidariedade humana.[vi]
Os seus pesquisadores registraram a opinião dos deputados em questionários com escala de 0 (discordo totalmente) a 4 (concordo totalmente). O resultado? Os deputados ficaram em cima do muro em relação às frases de Mussolini. Entre as respostas, a média ficou entre “discordo parcialmente” e “não concordo nem discordo” – o que já é uma surpresa, tendo em vista que são pensamentos do inventor do fascismo. [vii]
No entanto, bem como o ensaísta previu, as ideias fascistas tiveram menos discordância entre os políticos de esquerda. No topo da aceitação das frases, o deputado Jair Bolsonaro foi o único à direita, dividindo espaço com colegas que frequentemente o classificam como fascista. Já entre os que mais discordaram, são poucos os deputados à esquerda.
Deputados mais favoráveis às afirmações de Mussolini
Oziel Oliveira (PDT-BA)
14
Jair Bolsonaro (PP-RJ)
12
Vander Loubet (PT-MS)
10
Alexandre Roso (PSB-RS), Beto Faro (PT-PA), Cândido Vaccarezza (PT-SP), Dalva Figueiredo (PT-AP), Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), Flávia Morais (PDT-GO), Francisco Praciano (PT-AM), José Airton (PT-CE), Miguel Corrêa (PT-MG)
9
A soma 20 indica total concordância; 10, a neutralidade; 0 a total discordância.
Deputados menos favoráveis às afirmações de Mussolini
Lael Varella (DEM-MG), Betinho Rosado (DEM-RN)
0
Augusto Coutinho (DEM-PE), Luiz de Deus (DEM-BA), Otavio Leite, (PSDB-RJ)
1
Alexandre Leite (DEM-SP), Márcio Bittar (PSDB-AC), Marco Tebaldi, (PSDB-SC)
2
Valdivino de Oliveira (PSDB-GO), Pinto Itamaraty (PSDB-MA), Valadares Filho (PSB-SE), Almeida Lima (PPS-SE)
3
Carlos Zarattini (PT-SP), Fernando Coelho Filho (PSB-PE)
4
A soma 20 indica total concordância; 10, a neutralidade; 0 a total discordância.
Entre os partidos que tiveram pelo menos três deputados ouvidos, a tese do “fascismo de esquerda” se confirmou com exatidão – e uma surpreendente coerência. Quanto mais à esquerda, menor a discordância:
Aceitação das frases por partido
PCdoB
8,33
PT
7
PDT
6,9
PSB
5,38
PSDB
2,2
DEM
0,8
A soma 20 indica total concordância; 10, a neutralidade; 0 a total discordância.
Houve casos interessantes entre as respostas. Diversos deputados concordaram efusivamente com trechos do manual do ditador italiano. Diante da primeira frase (“Um homem se torna um homem apenas em virtude de sua contribuição à família, à sociedade e à nação”), apenas nove deputados afirmaram discordar completamente. Vinte e dois se disseram neutros. Já Cândido Vaccarezza (PT-SP), Francisco Praciano (PT-AM), Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), Oziel Oliveira (PDT-BA) e Jair Bolsonaro (PP-RJ) concordaram totalmente.
Também teve um bom número opiniões favoráveis a afirmação “Como um anti-individualista, acredito numa concepção de vida que destaca a importância do estado e aceita o indivíduo apenas quando seus interesses coincidem com os do estado”. Os deputados Assis Melo (PCdoB-RS), Domingos Dutra (PT-MA), José Airton (PT-CE), Perpétua Almeida (PCdoB-AC), Vander Loubet (PT-MS) e Oziel Oliveira (PDT-BA) concordaram totalmente com a ideia fascista do indivíduo como mera engrenagem do Estado. O trecho de A Doutrina do Fascismo que mais teve apoiadores foi o último do questionário. Catorze deputados concordaram com ele.[1]
Bolsonaro para a presidência Que tal Mussolini..........
Existe uma longa distância entre isso e abraçar políticos com viés mais autoritário que enxergam no estado a locomotiva para “fazer o bem”. Eu quero evitar o mal, o que é bem diferente! Continuo sendo um liberal, defensor de uma Grande Sociedade Aberta, e se condeno certas tendências estranhas, faço isso dentro do debate cultural. Não quero que o estado se intrometa demais nos assuntos morais, o que seria catastrófico e ameaçador para nossas liberdades individuais. Eis uma confusão que muito “liberal” ou libertário tem feito em relação aos meus alertas.
A direita civilizada dentro de um pais de ignorantes
A exceção daquelas nações que adotaram o comunismo, é difícil
encontrar um exemplo de país cuja economia tenha sido mais espetacularmente destruída pelo seu governo do que a Argentina.
No início do século XX, a Argentina era o 10º país mais rico do mundo em termos per capita. A expressão "tão rico quanto um argentino" era comum e frequentemente
utilizada por aristocratas britânicos que tentavam casar suas filhas com
argentinos ricos. Entre 1860 e 1930, o país enriqueceu
acentuadamente em decorrência, entre outras coisas, da exploração das férteis
terras dos pampas. Os investimentos
estrangeiros eram livres e diversificados, oriundos da França, da Alemanha, da
Bélgica e, majoritariamente, da Grã-Bretanha. Indústrias e ferrovias foram construídas com capital estrangeiro. Os altos salários atraíram vários imigrantes, principalmente italianos, espanhóis,
alemães e franceses alfabetizados ao contrario do Brasil. Em 1899, após algumas décadas de
instabilidade financeira e bancária, o país retornou ao padrão-ouro e, durante 14 anos, cresceu a uma taxa anual de 7,7%.
Durante as três
primeiras décadas do século XX, a Argentina ultrapassou o Canadá e a Austrália
não somente em termos de população, mas também em termos de renda total e renda
per capita. Nesta época, a famosa
loja de departamentos Harrods, de
Londres, abriu uma filial em Buenos Aires, sua única filial em todo o
mundo.
A partir de 1930, no entanto, a coisa começou a
degringolar. Em termos macroeconômicos,
a Argentina era, até então, um dos mais
estáveis e sólidos países do mundo.
Mas o advento da Grande Depressão nos EUA, que afetou seriamente o
comércio mundial — e as exportações argentinas —, alterou este equilíbrio. Instabilidades políticas levaram a um golpe militar em 1930. De 1930 até os anos 1980, houve uma sequência
de governos populistas e juntas
militares que se revezavam no poder.
Estes sucessivos governos, capitaneados pelas teorias de Raúl Prebisch um economista esquerdista, adotaram uma série de políticas
protecionistas e de substituição de importações com o objetivo de alcançar a
quimera da 'autossuficiência', um devaneio que ainda hoje excita
praticamente todos os desenvolvimentistas (muitos deles estão em Brasília).
Oficialmente, esse experimento
protecionista terminou em 1976, quando uma junta militar sob o comando de
Jorge Rafael Videla decidiu abrir um
pouco a economia. Obviamente,
acostumadas a décadas de protecionismo,
várias indústrias argentinas sucumbiram perante a concorrência externa o
que ira acontecer por aqui claro já que os
preguiçosos industriais caiapós correm para Brasília solicitando nossos
impostos como forma de proteção, o que fez com que o governo assumisse suas
dívidas. Em paralelo a este setor industrial ineficiente, os gastos
governamentais em total descontrole (financiados pela simples impressão de
dinheiro) e várias medidas populistas de aumentos salariais levaram a uma
crônica inflação de preços, que chegou a 800% ao ano.
Taxa de inflação de preços anual, 1976-1983
Em decorrência desta escalada inflacionária, o governo
Alfonsín criou, em junho de 1985, uma nova moeda, o austral (a primeira moeda argentina que não
tinha o peso em seu nome). Mas a criação
da nova moeda — plano este, aliás, que serviu de inspiração ao Plano Cruzado —
foi feita daquela maneira tipicamente heterodoxa: o governo simplesmente cortou
zeros, congelou preços das tarifas públicas e da cesta básica, e controlou rigidamente
os salários do setor privado. No
primeiro momento, exatamente como também ocorreu com o Plano Cruzado, os preços
ficaram sob controle e a popularidade do governo disparou.
Na melhor fase do plano, a inflação de preços ficou em
"apenas" 50% ao ano.Porém, e obviamente, o governo em
momento algum abriu mão de continuar
imprimindo dinheiro e, assim que os preços começaram a ser descongelados, tudo
voltou a ser como era antes. Para
complicar, como o governo havia contraído
várias dívidas perante o FMI, ele também recorria à impressão de austrais para comprar dólares.
O resultado desta vez não foi apenas uma típica inflação latino-americana, mas sim
uma hiperinflação que chegou a 200% ao mês (julho de 1989) e encerrou o ano
totalizando 5.000%.Quando os preços dos serviços de
utilidade pública dispararam e os argentinos foram para as ruas saquear
supermercados (maio e junho de 1989), Alfonsín renunciou.
A era Menem
Reformas
Eleito para assumir o poder dezembro de 1989, a posse de
Carlos Menem foi antecipada para julho por causa da baderna em que estava o país.
Quando Menem assumiu a
presidência, os gastos públicos estavam em 36% do PIB e o déficit orçamentário
do governo era de 7,6% do PIB.
Em 17 de agosto de 1989, foi aprovada a Ley de Reforma del
Estado, que deu a Menem a autoridade para efetuar várias reformas econômicas
que ajudassem a acabar com a hiperinflação.
As principais reformas foram o descongelamento seguido da liberdade de
preços, a abertura da economia ao comércio internacional, aos investimentos
estrangeiros e ao fluxo de capitais, a reorganização do sistema tributário, a
redução da burocracia e a privatização de várias estatais— a telefônica Entel, a companhia aérea
Aerolíneas Argentinas, vários trechos rodoviários, vários canais de televisão,
algumas redes ferroviárias, a petrolífera YPF (Yacimientos Petrolíferos
Fiscales, cuja privatização só foi completada em 1999), e a empresa de gás
natural Gas del Estado.
Como de praxe nos latinos, várias privatizações foram feitas às pressas — pois o governo estava
desesperado por recursos —, o que gerou vários esquemas de favorecimento,
irregularidades e corrupção.
Após chegar ao insano valor anual de 20.000% em março de 1990, a inflação
terminou o ano em 1.344%
Mas foi em abril de 1991 — sob o comando do ministro da
economia Domingo Cavallo — que a principal e decisiva medida econômica foi
adotada: a reforma monetária que
culminaria na substituição do austral pelo peso. Mas o peso não seria uma nova moeda qualquer:
ele seria inflexivelmente igual a um dólar, valor este irrevogável e fixado por
lei. Esse regime monetário argentino
passou a ser chamado de regime de conversibilidade.
O programa de conversibilidade foi implantado em duas
etapas. Na primeira etapa, em abril de
1991, o Banco Central argentino passou a funcionar como se fosse um Currency Board.
O que vem a ser Currency
Board ?
Para o leigo, o termo soa esquisito, mas realmente não existe
tradução definitiva para o português.
Alguns traduzem como Caixa de
Conversão ou Agência de Conversão; outros traduzem como Conselho da Moeda.
Apesar da ausência de um termo nacional, um Currency Board é
um dos arranjos monetários mais antigos
e tradicionais do mundo, perdendo apenas para o padrão-ouro. Aliás, era comum que o país que adotasse o padrão-ouro o fizesse por meio
de um Currency Board. O Brasil operou um
Currency Board no início do século XX, durante um de nossos efêmeros
experimentos com o padrão-ouro. O
padrão-ouro da Argentina, que durou até 1929, também se deu sob um Currency
Board.
Hong Kong opera um
Currency Board desde 1983. Vários outros
pequenos países utilizam exitosamente um Currency Board, entre eles Lituânia,
Bulgária, Bósnia e Herzegovina, as Ilhas Fakland, Gibraltar e Santa
Helena. A Estônia operou um Currency
Board de 1992 até janeiro de 2011, quando resolveu adotar integralmente o euro.
O princípio de operação de um Currency Board é bastante
simples e, quando obedecido ortodoxamente, muito eficaz. O Currency
Board é o arranjo que se implementa quando se quer adotar uma genuína
"âncora cambial", o que faz com que a moeda de um país se torne um
mero substituto de uma moeda estrangeira.
A única função de um Currency Board é trocar moeda nacional (que ele
próprio emite) por moeda estrangeira, e vice versa, a uma taxa fixa.
No caso específico da Argentina, o Currency Board tinha a função de trocar, sem custo e sem demora, 1 peso
por 1 dólar e 1 dólar por 1 peso. Para
cada dólar que entrasse no país, o Currency Board emitiria um peso argentino em
troca desse dólar. A operação inversa
ocorreria no caso de uma saída de dólar (peso argentino seria entregue ao
Currency Board que, em troca, enviaria o dólar para o destinatário
estrangeiro).
Ao agir assim, a taxa
de câmbio está irremediavelmente fixa.
Se você quisesse vender 1 dólar por um valor maior do que 1 peso para
outra pessoa, esta preferiria simplesmente ir ao Currency Board e lá trocaria 1
peso por 1 dólar. Ou seja, tal artifício
é totalmente eficaz em realmente fixar a taxa de câmbio.
Neste sistema, como a moeda nacional está totalmente atrelada a uma moeda estrangeira, a variação da base
monetária nacional se dá estritamente de acordo com o saldo do balanço de pagamentos
(saldo da quantidade de moeda estrangeira que entra e sai da economia
nacional).
Em sua forma ortodoxa, este
sistema não permite a existência de um Banco Central, pois não deve haver
nenhuma política monetária. Trata-se de
um sistema monetário totalmente passivo, em que a base monetária do país varia
estritamente de acordo com as reservas internacionais.
Sendo assim, dado que
a base monetária do país não pode ser maior do que a quantidade de reservas
internacionais (no caso argentino, o dólar), ela varia de acordo com a
quantidade de moeda estrangeira que entra e sai da economia em decorrência das
transações internacionais do país.
Quando há um superávit nas transações internacionais, a base monetária
doméstica aumenta; quando há um déficit, diminui.
Em tese, como a
quantidade de dólares nas reservas internacionais é, por definição, igual ou
superior à base monetária, é impossível haver qualquer ataque especulativo,
pois seria impossível exaurir as reservas internacionais (a base monetária teria
de ser toda mandada pra fora, algo por definição impossível). Essa é a principal atratividade do sistema:
ele dá segurança aos investidores estrangeiros, que deixam de temer uma súbita
desvalorização da moeda nacional, o que causaria enorme prejuízo para eles
quando fossem repatriar seus lucros.
Outra característica do Currency Board que ajuda a aumentar a confiança do investidor
estrangeiro é o fato de que, ao contrário de um Banco Central convencional, um
Currency Board não pode imprimir dinheiro à vontade; ele só imprime moeda
nacional se receber um valor equivalente em moeda estrangeira. Logo, um Currency Board não pode comprar
ativos nacionais e nem títulos do governo; ele não faz política monetária. Sendo assim, o governo não pode se financiar
por meio da inflação monetária. Isso
obriga o governo a evitar déficits e a manter um orçamento equilibrado (caso
contrário, ele terá de aumentar impostos ou se endividar, o que levaria a um
aumento dos juros em toda a economia).O que esquerdistas
em geral tem pavor
No entanto, ao mesmo tempo em que um Currency Board é extremamente eficiente quando implantando
ortodoxamente, ele cobra severas punições quando seus pré-requisitos
operacionais são desobedecidos. E
foi isso que a Argentina descobriu.
As consequências iniciais
Inicialmente, tanto o Banco Central argentino quanto o
governo seguiram à risca a
ortodoxia. O BC de fato imprimia
dinheiro estritamente de acordo com a variação de reservas internacionais, e o
governo — agora sem poder se utilizar da inflação monetária — reduziu
drasticamente seus déficits.
A inflação de preços, que havia sido de 1.344% em 1990, caiu para 84% em 1991, para 17,5% em 1992, para 7,4% em
1993, para 3,9% em 1994, para 1,6% em 1995 e, de 1996 até o final de 2001, a
média foi de praticamente 0%.
Para um país assim como o Brasil que havia se acostumado a ter uma inflação de preços
média maior do que 250% de 1970 até 1990, e que havia vivenciado valores de até
20.000% em 1990, a queda de preços foi extremamente rápida.
Já o governo conseguiu baixar o gasto público de 35,6% do PIB em 1989 para 27% do PIB em 1995. Igualmente, o déficit fiscal saiu de 7,6% do
PIB em 1989 para 2,3% em 1990 e, de 1991 até o final de 1994, ficou próximo de
0%.
As reservas internacionais, por sua vez, que estavam 3,81 bilhões no final de 1989, foram para
17,93 bilhões ao final de 1994.
O principal efeito desta política de abolição da inflação e de redução do estado foi a perceptível queda
nos índices de pobreza. Em outubro de
1989, o percentual de pessoas abaixo da linha de pobreza em Buenos Aires e
adjacências era de 47,3%. Em maio de
1994, tal valor já havia caído para 16,1%.
A crise do México de dezembro de 1994
As coisas vinham muito bem para a Argentina desde abril de
1991. A economia estava crescendo
robustamente e os preços eram invejavelmente estáveis.
Só que, em dezembro de 1994, a economia do México — cujo Banco Central adotava um sistema cambial
heterodoxo, no qual a cotação do câmbio era diariamente manipulada — sofreu um
ataque especulativo. O governo
desvalorizou subitamente o peso mexicano.
Essa súbita desvalorização gerou pânico nos investidores ao redor de
todo o mundo, os quais, temerosos de terem seus investimentos
desvalorizados, começaram a retirar seus capitais dos países emergentes. (Esse fenômeno ficou conhecido como Efeito
Tequila, e teve repercussões nos países emergentes, especialmente no Brasil.)
A Argentina não ficou imune, e um volume substantivo de
capital estrangeiro foi retirado do país.
O crédito
encareceu. O país entrou em recessão e o
desemprego subiu. A recessão diminuiu as
receitas tributárias do governo; o aumento do desemprego aumentou os gastos
sociais do governo. A consequência
inevitável desta redução na receita e deste aumento nos gastos foi que o
governo voltou a apresentar déficits orçamentários. E estes nunca mais voltariam a ser zero — o
que significa que sua dívida não mais pararia de subir.
O problema do
endividamento é que, quanto maior a dívida, maior o volume gasto com
juros. E quanto mais se gasta com juros,
maior é o déficit fiscal. E quanto maior
o déficit fiscal, maior é a emissão de títulos da dívida para cobrir o déficit,
o que aumenta o endividamento e reinicia o ciclo vicioso.
Não obstante essa
explosão do endividamento do governo, a economia seguia estável e com inflação
zero. Após o susto de 1995, as reservas
internacionais já haviam voltado a subir.
No segundo semestre de 1997,
ocorreu a crise asiática, um tsunami que gerou fuga de capitais ao redor do
mundo e súbitas desvalorizações no baht tailandês, no novo dólar taiwanês,
na rúpia indonésia, no ringgit malaio, no won sul-coreano, no peso filipino e
no dólar cingapuriano. O dólar de Hong
Kong, que opera sob um Currency Board, conseguiu manter sua taxa de câmbio
intacta. A Argentina, nesta crise
específica, sofreu pouco.
Em agosto de 1998, a situação começou a ficar ruim. A
Rússia entrou em crise financeira e o governo russo anunciou uma forte
desvalorização do rublo seguida de uma moratória.
A situação se agrava
em 1999. Com a forte depreciação do real
e de várias outras moedas, as importações de produtos argentinos por estes
países caem. Não bastasse a queda nas
exportações argentinas, os preços dos produtos primários também caem fortemente
no mercado mundial. Como consequência, o
setor exportador argentino encolhe. (No
entanto, ao contrário do que é dito, as importações de produtos estrangeiros
pelos argentinos também diminuem, por causa da recessão. Não foi um aumento nas importações, portanto,
o que atrapalhou as empresas argentinas).
Ricardo López Murphy, economista liberal e honrado formado pela Universidade de
Chicago, é nomeado e imediatamente anuncia seu programa de ajuste fiscal, o
qual seria o melhor de todos: não haveria aumento de impostos, mas sim um
profundo corte de gastos de 2 bilhões de pesos, inclusive para as áreas de
saúde e educação de forma provisória. Haveria também várias
privatizações, inclusive da Casa da Moeda.
Obviamente, o anúncio de medidas tão "drásticas"
gerou forte reação popular. Vários
membros do governo, contrários à nomeação de López Murphy, renunciam em
protesto às suas medidas. Sem apoio,
López Murphy renuncia ao cargo no dia 19 de março, apenas 15 dias após ter sido
nomeado.
Conclusão
Todo o desenrolar dos fatos deixa bem claro de quem é a
culpa. Qual entidade confisca o dinheiro das pessoas, aniquila
toda a sua poupança e até mesmo estipula quantias máximas a serem
utilizadas? Qual entidade gera
incertezas ao se mostrar incapaz de controlar seus gastos e de se adequar
dentro de seu orçamento? O Estado oras, e os latinos ainda acham que quanto mais estado melhor.
Enquanto o governo foi capaz de manter um orçamento equilibrado e de seguir ortodoxamente as regras do
Currency Board, a qualidade de vida da população aumentou substancialmente.
A partir do momento em que o governo não mais conseguiu manter seu orçamento equilibrado (a partir
de 1995) e passou a aumentar sua dívida de forma contínua, gerando incertezas
quanto à capacidade de financiamento e aumentando a propensão a um calote, a
confiança no sistema começou a desaparecer.
Não obstante, tudo poderia ter sido revertido caso o governo houvesse
feito a dolarização da economia em 1999.
Neste cenário, seria por definição impossível uma desvalorização e uma
fuga de capitais.
No entanto, vale enfatizar
o fato de que, não obstante o governo tenha destruído seu orçamento, elevado
seus gastos, incorrido em vultosos déficits, se endividado e, no final, tenha
adulterado os fundamentos básicos do Currency Board, tal sistema deu à
Argentina, um país que há muito desconhecia o que era inflação baixa, um
período de sete anos (1995-2001) de inflação praticamente nula, um atestado de
sua qualidade.
O
tamanho do estrago que um governo é capaz de fazer em uma economia é algo que
jamais deve ser subestimado pela sociedade é um quadro muito semelhante ao que o PT fez com o Brasil. Ricardo Lopez Murphy um liberal argentino honrado e as razões do fracasso do socialismo do século XXI
Nós liberais desejamos muitas derrotas eleitorais as esquerdas latino americanas
É com grande alegria que os liberais veem a possibilidade de o candidato conservador Mauricio Macri vencer as eleições presidenciais na Argentina É com alegria que os liberais veem o desespero do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, com as eleições parlamentares na Venezuela, em dezembro.
É com curiosidade que os liberais o esforço do PT para conciliar o seu passado de combate à corrupção com as denúncias de parlamentares e líderes do partido envolvidos no maior escândalo de corrupção pós ditadura no Brasil. Um partido que dois dos seus tesoureiros recentes foram condenados pela justiça já mostra muito bem qual foi o modus operandi de financiamento das campanhas eleitorais.
A esquerda Latino Americana está perdendo o apoio popular não por culpa de um suposto melhor programa da direita. Ao contrário. Muitas vezes, e infelizmente as ideias e teses da direita Latino Americana são tão ruins ou piores que as da esquerda.
Em uma região ainda marcada por índices de desigualdade excessivos no qual exemplos de privilégios para os ricos, típicos do capitalismo de compadres, ainda são abundantes, é difícil criticar politicas sociais sem antes quebrar o pacto da elite politica com a elite empresarial protegida da concorrência. No entanto, a esquerda Latino Americana longe de quebrar esse pacto o fortalece ( claro cobrando altíssimas comissões pela proteção) sob o mantra do desenvolvimentismo ou do fortalecimento da indústria nacional.
O grande aliado das politicas populistas dos governos Latino Americanos na primeira década do século XXI foi o boom de commodities, que teve por trás uma ditadura comunista que adora o capitalismo e que é invejada por vários “intelectuais” de esquerda e de direita que vêm na relação não transparente entre Estado e empresários um modelo de sucesso.
O boom de commodities acabou. A promessa do desenvolvimento fácil ( principal objetivo de um nativo do continente) cuja maior preocupação era decidir como será gasto o aumento constante da receita acima do crescimento do PIB evaporou-se. A forte desvalorização da nossa taxa de câmbio nos lembra todos os dias que produtos domésticos e importados são hoje mais caros e que pegar um avião para fazer compras em Miami não nos deixa mais ricos.
A sensação de “relativo empobrecimento” vai aumentar para muitos e a frustração com o que estava planejado poderá ter consequências imprevisíveis. Não levará necessariamente a boas escolhas eleitorais, mas é fato que o desejo por mudança hoje na América Latina parece passar pela punição dos partidos de esquerda que prometeram o desenvolvimento rápido e sem restrições, que colocaram o debate eleitoral de uma forma simplista entre os que são contra e os que são a favor dos pobres, como houvesse na sociedade um grupo de pessoas “do mal” que deseja a perpetuação da pobreza.
O modelo Latino Americano de desenvolvimento sustentável recente ligado ao suposto circulo virtuoso de gastar mais com pobres e ricos foi na verdade um circulo vicioso que não se sustentava sem o crescimento continuou da China e do resto do mundo. Alguns ingênuos achavam que políticos de esquerda que nasceram em famílias pobres, por terem vivido um período de carência e conhecer de perto a pobreza, teriam mais capacidade de promover o desenvolvimento sustentável. Mas bons governos resultam da construção história de boas instituições e não da história familiar da pobreza ou riqueza de políticos.
Assim, nós liberais vemos com alguma alegria a possibilidade de derrotas de partidos de esquerda nas eleições na América Latina neste e nos próximos anos. Vemos isso com certa felicidade porque será uma boa oportunidade para a reflexão e até para o nascimento (ainda incerto) de uma esquerda e a direita também porque não? Latino Americana mais responsável, que não tenha medo de avaliação de politicas públicas, que entenda o conceito de orçamento equilibrado, que não dê subsídios para os ricos e que promova um debate transparente sobre os prós e contras das diversas politicas publicas.
Inflação: uma espécie de imposto que afeta mais os mais
pobres
A inflação de preços é a perda do poder de compra do
dinheiro.
São muitos os fatores que elevam o preço de um produto ou
serviço causando a tão indesejada inflação. Mas não há dúvida alguma que o
governo é o principal responsável. Responsável por imprimir dinheiro sem
lastro. Mais dinheiro disponível ( crédito ) sem oferta correspondente de produtos e
serviços os preços sobem por haver muita procura e pouca oferta ( socialistas e esquerdistas não compreendem esta lei). A lógica é
muito simples: se tenho menos produtos a vender que compradores interessados eu
elevo o preço e lucro mais. Simples assim.
A solução é aumentar a oferta de produtos e serviços. Para
isso a indústria precisa ser mais produtiva ou utilizar das importações para
aumentar a oferta. Para ser mais produtiva ela precisa de trabalhador
qualificado. Para haver trabalhador qualificado é preciso de educação de
qualidade. Não temos educação de qualidade.
Uma solução contra a inflação é investir em educação. Mas o
resultado não é imediato e pouco interessante como estratégia política. Falar
de educação quando se está em campanha é uma boa estratégia, investir de fato
quando eleito não. Por isso ouvimos muito do primeiro e vemos pouco do segundo.
Mas por que o governo imprime dinheiro sem lastro?
Teoricamente para investir em saúde, saneamento básico,
moradia e na geração de emprego. Mas de fato isso ocorre apenas para garantir
votos nas eleições.
Inflação: uma espécie de imposto que afeta mais os mais pobres
Imagine que você vá ao banco e faça um empréstimo; compre
casa, mobilhe a casa, e compre um carro. Na visão de seus vizinhos você está
bem de vida, afinal comprou casa, móveis e carro. Mas a verdade é que você não
comprou e sim financiou pagando juro ( esta é a visão dos socialistas). O recomendável é poupar, investir e comprar à vista é a
atitude mais saudável, porém menos vistosa. Quando se poupa diminui-se o
consumo de hoje para se consumir mais no futuro. Também quanto mais pessoas
estão dispostas a poupar deixando de consumir menor o preço dos produtos e
serviços. É a mesma lógica que mostrei acima, só que invertida. Teremos menos
pessoas demandando produtos, aí as lojas para atraírem mais compradores se veem
obrigadas a reduzir preços.
Perceba que o governo gasta o que não tem para impressionar
o cidadão ( principalmente os latinos vaidosos) e este votar nele. E isso inflaciona o país.
Mas os salários são corrigidos pela inflação!
É verdade.
E isto favorece os mais ricos e prejudica os mais pobres.
Explico o porquê:
A inflação é uma média dos principais produtos consumidos
pelos brasileiros. E a média sempre é burra. Os produtos que mais sobem de
preço são os essenciais, já os supérfluos tendem a subir com menor voracidade.
Por não serem essenciais as pessoas deixam de compra-los e por isto eles sobem
menos. Assim que o pobre é prejudicado. A inflação é a média, e os salários são
corrigidos por esta média. Mas o que o pobre mais consome tem um aumento de
preço acima da inflação e, portanto ele é mais prejudicado tendo seu poder de
compra reduzido. Já o mais rico leva vantagem, pois também tem seu salário
reajustado, mas sua inflação percebida é menor, pois os produtos essenciais
representam uma fatia menor de sua renda e sobra mais dinheiro para o consumo
de supérfluo e luxo.
Neste texto abordei apenas uma causa da inflação e o porquê
de ela ser uma espécie de imposto ao pobre. Quando um governo gasta em excesso
alegando ajudar os mais pobres é o mais puro engodo.por isso hoje 57 milhões de brasileiros tem o seu poder de consumo reduzido devido ao alto endividamento familiar.
Como afirmam os mais velhos, dinheiro não dá em árvore.
Gastar o que não se tem causa dois problemas: se paga juro e gera-se inflação.
Este mecanismo nefasto funciona por um tempo. Assim como o
financiamento de casa e carro ostenta uma falsa evolução da pessoa, pois em
algum momento a conta tem que ser paga, caso contrário ela tem seu nome
inserido nos serviços de proteção ao crédito sendo os bens reavidos pela
financiadora. Com um país as consequências são semelhantes, ele perde
prestígio, tem sua nota de bom pagador rebaixada, deixa de atrair investidores
estrangeiros e entra em recessão. Aí meu amigo, a vaca vai para o brejo.
Abaixo uma demonstração do que é o povo kaiapó.e seu coeficiente de descerebração